O filho de Jango está hoje no PCdoB e preside o Partido no Distrito Federal. Dia 14, nos reencontramos na Agência Sindical, após alguns anos, até por causa da Pandemia.
Pedi a João Vicente Goulart falar de Getúlio Vargas, que é o tronco da árvore trabalhista – até porque agosto marca os 70 anos do suicídio do pai do Estado brasileiro moderno, da legislação social e da proteção trabalhista.
Reproduzo parte de sua fala:
“Sou partidário de um projeto efetivo de desenvolvimento. Mas esse projeto requer um compromisso nacionalista. Não se avança apenas com crescimento econômico. É preciso contemplar o interesse nacional, do povo”.
“Getúlio fez o que pôde pra avançar esse modelo, que sempre foi sabotado pelas elites conservadoras daqui ou lá de fora”.
“O Estado não perdeu seu papel. Como é possível ficar na condição que estamos na questão energética, com a Eletrobras privatizada e o sistema energético esquartejado?!”
“A época atual está dominada pelo capital financeiro, totalmente oposto ao projeto que vem lá dos positivistas, passa por Getúlio, Pasqualini, Jango, por Brizola”.
“A própria esquerda deve fazer uma reavaliação do projeto getulista, trabalhista e nacionalista. Afinal, o que temos de concreto além daquelas experiências?”
“Getúlio buscou contemplar os trabalhadores e também o empresariado. Tanto assim que criou o PTB para a classe trabalhadora e o PSD para a elite econômica e política”.
“O trabalhismo busca equilíbrio entre capital e trabalho. Hoje as relações estão muito desequilibradas, com drástica precarização dos empregos”.
“Em 2022 formou-se uma frente ampla pra derrotar o fascismo. É difícil governar com frente tão ampla. Eu não sei em 2026 se o arco formado vai se manter”.
“O PCdoB busca hoje revisão da experiência getulista. Da minha parte, defendo que o partido reforce o debate sobre a questão nacional, porque isso também nos aproximaria mais da população e dos trabalhadores”.
“Setores intelectuais precisam rever preconceitos em relação a Getúlio, à doutrina trabalhista, que, na prática, tem fundamentos socialistas, porque os próprios positivistas se diziam próximos do socialismo”.
João Franzin, jornalista da Agência Sindical – Email: joaofranzin56@gmail.com
Por Agência Sindical
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