Brasil Política Sindical

#PAGACIVITA – Cerca de 300 pessoas protestaram na editora

//Centenas de gráficos, jornalistas, administrativos e profissionais da área de distribuição, acompanhados de familiares e dos sindicatos pertinentes, ocuparam a frente de um dos prédios da Abril no dia 14 de setembro.

Houve grande mobilização contra as demissões de 804 profissionais no início de agosto, e outras centenas anteriormente, totalizando 1,5 mil funcionários. O ponto auto da manifestação foi a leitura da carta contra as demissões sem o pagamento das verbas rescisórias e as multas do FGTS e da não quitação integral das referidas verbas em 10 dias após os desligamentos.

Intitulada #PagaCivita, a carta cobra a responsabilidade social e deveres trabalhistas dos herdeiros da Abril, independente da recuperação judicial. Cobra que honrem a tradição da empresa que tem a árvore como símbolo, escolhida pelo fundador porque, segundo ele, representa ‘a esperança e otimismo’, visão agora negada enquanto não paga os direitos dos 1,5 mil demitidos, mesmo com a natureza alimentar dessas verbas rescisórias.

Não, por acaso, já correm risco a vida e a saúde dos profissionais e seus familiares, sem terem como sobreviver, frente à postura dos empresários. No protesto, que contou com o apoio da executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp) e de Sindicatos dos Gráficos (STIGs) de outras regiões do estado, a exemplo de Jundiaí e Barueri/Osasco, foi posto que não custa quase nada para os herdeiros da Abril honrarem a memória do fundador Victor Civita e manterem a tradição de responsabilidade com os seus trabalhadores. A dívida com todos os demitidos, inclusive com freelances, corresponde a R$ 110 milhões, ante a R$ 1,6 bilhão da dívida total aos credores diversos.

Contudo, a fortuna dos herdeiros de Civita acumulada com a editora é de R$ 10 bilhões.

Portanto, pagar os demitidos representa só 1% da fortuna. “Amávamos essa empresa. Era mais que trabalho. Era família. Ninguém esperava esse comportamento dela. A decepção é geral. Nos jogaram no buraco”, disse Roberto Trufilli, gráfico nos últimos 38 anos da editora sem nada receber.

Nem profissionais de RH e da área jurídica escaparam da manobra da Abril que tem usado a recuperação judicial para repassar aos demitidos a responsabilidade de esperarem, mesmo sem nada no bolso, que a empresa se recupere para poder receber alguma verba rescisória.

“Pela cultura administrativa da editora, jamais esperávamos tal postura”, disse Mário Belum, profissional há 27 anos no RH. A demitida do setor jurídico da empresa, Cristiane Dinis, falou também em surpresa ao não receber as suas verbas nem de forma parcelada, como foi prometido. Esta postura desonra a tradição empresarial.

“Deviam, no mínimo, honrar com os pagamentos dos demitidos e não se abrigar na recuperação judicial”, disse Marcia Viame, demitida após 31 anos de dedicação aos Civita. Para Raphael Maia, advogado do STIG São Paulo e do Sindicato dos Jornalistas, já que os herdeiros bilionários Civita incluíram na recuperação judicial os passivos trabalhistas, que assumam agora esta dívida na RJ, pagando de imediato os R$ 110 milhões que devem aos 1,5 mil profissionais demitidos – valor insignificante se comparado com a fortuna de R$ 10 bi. A CUT-SP não poupou a postura dos herdeiros do Civita, que quebram a tradição da Abril referente ao respeito com os trabalhadores e obrigações legais.

“São péssimos empresários. Têm recursos, mas preferem calotear os empregados”, disse na manifestação, Douglas Izzo, presidente da CUT paulista. Para João Carlos, secretário-geral da CUT estadual, bastava vender um dos jatinhos que sobrava dinheiro para pagarem os demitidos. As críticas também foram feitas pelo secretário de Mobilização da referida central sindical, João Batista, que colocou a entidade na luta até a vitória.

Ao término da manifestação na entrada do parque gráfico da editora, os trabalhadores seguiram em caminhada até o prédio central da Abril, onde fica o setor Administrativo. Lá, a carta #PagaCivita foi entregue. “Foi um ato representativo e com muitas pessoas. Foi forte politicamente”, avaliou Leandro Rodrigues, secretário-geral da Federação Paulista dos Gráficos. “Continuaremos pressionando a Abril para que ela cumpra com todos os direitos dos trabalhadores, inclusive os pagamentos rescisórios, a multa dos 40% do FGTS, e multa indenizatória do artigo 477 da CLT”, realçou Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp.

A luta não deve retroceder nem que haja pagamento de parte das dívidas. A mobilização crescerá, inclusive nas redes sociais e Congresso Nacional. O movimento sindical continuará exigindo da Abril que pague os trabalhadores com uma parte dos lucros, independentemente do processo judicial de recuperação da editora.

“Se a Abril achou saída para efetuar uma parte das rescisões, deverá buscar a solução para que todos os direitos sejam quitados”, diz o sindicalista.

FONTE: FTIGESP

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