O Parlamento, único poder controlado pela oposição na Venezuela, chamou a Força Armada a não reconhecer o presidente Nicolás Maduro, a quem qualifica de “usurpador” após ter sido empossado nesta quinta-feira (10) para um novo mandato.
“Fazemos um chamado claro às Forças Armadas, a essa enorme maioria de soldados e oficiais que envergam com honra seu uniforme e não se deixaram corromper (…) para que deem um passo à frente (…): não se deve reconhecer o que não foi produto do voto popular”, disse o presidente do Congresso, Juan Guaidó, em coletiva de imprensa.
“Uma eleição se vence com votos, não se rouba, e por isso você não é legítimo”, afirmou Guaidó, dirigindo-se a Maduro pouco depois da posse e enquanto o presidente passava em revista a Força Armada, cujo alto comando lhe declara reiteradamente “lealdade absoluta”.
No sábado passado, no início do ano legislativo, o líder parlamentar havia advertido que Maduro usurparia o poder uma vez iniciado este mandato, denunciado que sua reeleição em 20 de maio passado resultou de uma fraude e se comprometeu a impulsionar um “governo de transição”.
Os principais partidos da oposição boicotaram estas votações, não reconhecidas por Estados Unidos, União Europeia (UE) e uma dezena de países latino-americanos.
“O mundo e a Venezuela não reconheceram o 20 de maio”, afirmou Guaidó, destacando que enquanto o governante era empossado, “a comunidade internacional não o reconheceu em simultâneo”.
Referiu-se assim a uma declaração aprovada nesta quinta-feira pela Organização de Estados Americanos (OEA) que declarou Maduro ilegítimo, ao anúncio de rompimento de relações do Paraguai e de Washington, de que aumentará a pressão contra o governo socialista.
A UE também lamentou o novo mandato de Maduro, após “eleições não democráticas” e advertiu que tomará as “medidas adequadas” em caso de uma deterioração da situação no país petroleiro.
Guaidó antecipou que o Parlamento vai declarar formalmente a “usurpação de poder” por parte de Maduro na sexta-feira, em sessão plenária, em um Parlamento aberto no qual chamou os venezuelanos a participar.
No entanto, as decisões do Legislativo são consideradas nulas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, de orientação oficialista), que o declarou em desacato em 2016 e perante o qual Maduro prestou juramento nesta quinta-feira, não ante o Congresso, como prevê a Constituição.
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