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Sindicalismo exige punição à Vale por abusos trabalhistas e ambientais

Cenário de destruição causado pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Reprodução: Agência Sindical

Após o rompimento de mais uma barragem sob sua responsabilidade, a Vale afirmou que “não vê responsabilidade” da empresa na tragédia da Mina Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte. A mineradora atribuiu a catástrofe a um “caso fortuito” que ela ainda está apurando.

O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, alegou que a segurança da barragem que rompeu tinha sido, inclusive, atestada “por especialistas internacionais de renome”.

Porém, tal informação é contestada por entidades de classe do setor. A FNE, representativa dos engenheiros brasileiros, observou em Nota que a engenharia nacional tem capacidade técnica para dar segurança às barragens, criticando o fato de que o “atestado de baixo risco” tenha sido encomendado pela Vale a uma empresa alemã não-especializada.

“Está claro hoje que tal aferição ficou aquém do mínimo necessário”, lamenta a nota da entidade, que tem como presidente o engenheiro Murilo Pinheiro.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada de Minas Gerais (Siticop-MG), representante dos terceirizados da Vale que operam as barragens, o desastre de Brumadinho “não é situação isolada”.

“O acidente é um crime porque, apesar das evidências do alto impacto em caso de ruptura, dos reiterados alertas e denúncias feitas, a Vale não vem cumprindo a legislação e as normativas de segurança no ambiente de trabalho”, denuncia o Sindicato.

Agência Sindical falou com Eduardo Armond, assessor do Siticop-MG, que reiterou a negligência e as más condições impostas pela Vale. “A gente vem denunciando a falta de segurança nas barragens da Vale e outras empresas há mais de três anos. São frequentes também excesso de jornada e outras infrações trabalhistas”, afirma.

Ele critica ainda a falta de diálogo da Vale, que se recusa a receber e a ouvir os Sindicatos das categorias que atuam nas atividades da mineradora. O assessor cita mais de 400 processos trabalhistas contra a empresa, que se arrastam com sucessivos recursos. “Isso inclui ações relacionadas à tragédia de Mariana, que teve 15 barrageiros entre as 19 vítimas fatais”, informa.

Para o Sindicato, acontecimentos graves como os de Brumadinho e Mariana, só ocorreram porque a Vale, há muito, não vem cumprindo suas obrigações nas áreas de segurança e de saúde no trabalho e muito menos vem sendo devidamente fiscalizada.

“Isso tende a piorar, se prevalecer essa lógica maluca do governo Bolsonaro de flexibilizar as exigências ambientais. Não podemos admitir conivência com a irresponsabilidade das empresas que operam no setor de mineração”, frisa Armond.

Centrais – Todas as Centrais Sindicais emitiram nota com duras críticas à Vale e à omissão dos órgãos públicos.

Agência Sindical

Jornal Imprensa Sindical

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