O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira a ampliação do Bolsa Família, programa de distribuição de renda emblemático dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), além de um projeto de autonomia do Banco Central, atendendo a um pedido de setores mais liberais.
As duas medidas, promessas de campanha de Bolsonaro, foram anunciadas no âmbito das comemorações pelos 100 dias de seu governo.
O programa Bolsa Família – criado por Lula, atualmente preso por lavagem de dinheiro e corrupção passiva – agora prevê o pagamento de um 13º salário. Ele paga uma média de R$ 186,94 a mais de 14 milhões de famílias, a maioria do nordeste do país.
A implementação do 13º terá custo adicional de R$ 2,58 bilhões, segundo o Ministério das Cidades.
Bolsonaro já criticou duramente o Bolsa Família, mas no segundo turno das eleições prometeu pagar 13º salário aos beneficiários do programa e reiterou esse compromisso entre as medidas anunciadas para os primeiros cem dias do governo.
Outra medida – desta vez para agradar o mercado – foi a promessa de independência do Banco Central.
A legislação, que deve ser aprovada pelo Congresso, prevê que o presidente do BC tenha mandato de quatro anos, como atualmente, mas que ele deixe de coincidir com o do presidente da República, para reforçar a proteção de ingerências políticas.
“Mostra-se necessário consagrar em lei a situação de facto hoje existente, na qual a autoridade monetária goza de autonomia operacional e técnica para cumprir as metas de inflação”, afirma um comunicado do governo.
Entretanto, a principal promessa econômica de Bolsonaro, a reforma da Previdência Social, encontra resistência no Congresso e entre a população brasileira.
Os primeiros cem dias de governo Bolsonaro foram marcados por disputas entre os grupos que compõem seu entorno – liberais, bancada evangélica, conservadores, militares etc -, além de denúncias de possíveis irregularidades contra sua família.
Esses abalos afetaram sua popularidade. Segundo uma pesquisa Datafolha da semana passada, cerca de 30% dos brasileiros consideram o governo “ruim ou péssimo”, enquanto 33% consideram “regular” e 32% “bom ou ótimo”. Essa é a pior avaliação dos três primeiros meses no primeiro mandato de um presidente desde a redemocratização, em 1985.
AFP
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