A candidatura de três ativistas brasileiros – a vereadora assassinada Marielle Franco, o chefe Raoni e a ambientalista Claudelice Silva dos Santos – está entre os finalistas do Prêmio Sakharov da Eurocâmara, afirmaram fontes parlamentares nesta terça-feira (8).
A lista se completa com o intelectual uigur Ilham Tohti, condenado à prisão perpétua por Pequim, e com um grupo de adolescentes do Quênia que criaram um aplicativo para ajudar meninas afetadas pela mutilação genital feminina.
Os socialdemocratas e a esquerda radical apresentaram os ativistas brasileiros, aos quais se somaram os Verdes, que retiraram sua candidatura conjunta de Marielle e do ex-deputado brasileiro Jean Wyllys, defensor do coletivo LGTBIQ e que, em 2019, decidiu se exilar na Europa.
O presidente Jair Bolsonaro “ignora a realidade (…) Nós temos que defender a Amazônia de uma pressão desmedida, temos também que defender as populações locais”, afirmou em 30 de setembro, durante a defesa da candidatura, a eurodeputada Marisa Matías.
Os liberais apresentaram, por sua vez, Tohti, Prêmio Václav Havel 2019 do Conselho da Europa, enquanto o grupo de Conservadores e Reformistas Europeus (CRE) indicou as adolescentes do Quênia, “garotas corajosas”, nas palavras da eurodeputada Assita Kanko.
“As meninas que desenvolveram esse aplicativo conhecem o horror da mutilação genital por experiência própria e percebem a importância de uma ferramenta tão acessível como essa numa situação de emergência”, acrescentou Kanko, que contou sua própria experiência durante a apresentação das candidaturas, em setembro passado.
O candidato do Partido Popular Europeu (PPE, de direita), o oponente russo Alexei Navalny, não passou no corte dos nomes.
Em 2018, seu candidato, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, recentemente libertado após cinco anos de prisão na Rússia, ganhou esse reconhecimento.
Desde 1988, a Eurocâmara coroa com este prêmio, dotado de 50.000 euros, associações como Enough Now! (2000) e personalidades como Nelson Mandela (1988), Malala Youfsafzai (2013) e Aung San Suu Kyi (1990).
Em 2017, os opositores venezuelanos se tornaram os quintos vencedores latino-americanos, depois da associação argentina Mães da Praça de Maio (1992), bem como dos dissidentes cubanos Guillermo Fariñas (2010), Associação Damas de Branco (2005) e Oswaldo Payá (2002).
A Eurocâmara anunciará em 24 de outubro o vencedor desta edição.
A cerimônia de entrega acontece em Estrasburgo, no nordeste da França, em 18 de dezembro.
AFP
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