O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) anunciou nesta quinta-feira que proibirá uma homenagem no recinto da câmara ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet, prevista para 10 de dezembro por iniciativa de um legislador aliado do presidente Jair Bolsonaro.
“Assino nesta quinta um ato da Presidência impedindo que aconteça o evento em homenagem ao ditador Augusto Pinochet dentro da @AssembleiaSP . O ato será publicado no Diário Oficial do Estado na sexta-feira (22)”, tuitou Cauê Macris, membro do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB).
A Alesp incluiu em sua agenda uma solenidade em homenagem a Pinochet em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
O “Ato Solene em memória do Presidente Augusto P. Ugarte” foi devido a uma iniciativa do deputado estadual Frederico D’Avila, do Partido Social Liberal (PSL), com o qual Bolsonaro venceu as eleições de 2018.
O anúncio agitou as redes sociais e se soma às polêmicas provocadas por Bolsonaro por seus elogios tanto à ditadura militar brasileira (1964-85) quanto às de outros países da América Latina, que deixaram milhares de mortos e desaparecidos nos anos 70 e 80.
A controvérsia foi internacionalizada nesta quinta-feira, quando o cônsul francês em São Paulo, Brieuc Pont, escreveu no Twitter que “a homenagem prevista ao ditador chileno #Pinochet na @AssembleiaSP não é só um insulto à democracia e à memoria das vítimas, inclusive francesas, de um regime cruel. É também a prova de um descaso total pelos #DireitosHumanos celebrados internacionalmente no dia 10 de dezembro”.
Bolsonaro gerou desconforto em setembro no palácio presidencial chileno em La Moneda ao comemorar a repressão da ditadura de Pinochet (1973-1990), referindo-se especificamente à morte na prisão, onde foi torturado, do pai da ex-presidente Michelle Bachelet.
“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela”, disse Bolsonaro em resposta a Bachelet, atual alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que havia declarado que o espaço democrático no Brasil estava diminuindo.
O presidente chileno Sebastián Piñera (direita) condenou as declarações do brasileiro.
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