A cadeia industrial da alimentação emprega 1 milhão e 600 mil. É dos setores mais dinâmicos da nossa economia, onde despontam JBS, Nestlé, Ambev, BRF e outras gigantes. Especialmente nas processadoras de alimentos – carne bovina e frango -, os funcionários trabalham em grandes grupos e muito próximos. É um perigo, nesta fase de avanço do coronavírus.
A avaliação é de Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação, a CNTA Afins. A CNTA e a Contac atuam juntas e tentam negociar com o patronato a liberação de 50% dos funcionários. Artur explica: “Se trabalharmos com a metade dos funcionários, com os outros 50% em licença remunerada, ampliamos o espaço entre um e outro e dificultamos a contaminação”.
Além das tratativas com o empresariado, as entidades buscam medidas efetivas junto ao governo federal. O presidente da CNTA afirma: “O governo dispõe de meios legais pra regular o setor e manter a produção voltada ao mercado interno. A população não pode ficar sem proteínas, pois a boa alimentação ajuda na imunidade”. Integrantes do governo e diversos ministérios receberam documento das entidades de trabalhadores, com reivindicações e propostas. Mas não houve resposta.
Não só a carne. O segmento produz também laticínios e derivados, largamente incorporados ao hábito alimentar do brasileiro. As usinas produzem o etanol, que é a base para o álcool gel, considerado eficaz na higiene antivírus.
Atuação – Segundo Artur, há resistência no patronato com a licença. Empresas têm preferido adotar métodos próprios. No caso da BRF, mede-se a temperatura do empregado antes do ingresso ao trabalho. Se estiver febril, volta pra casa e fica em observação. “Isso ajuda, mas não é suficiente”, afirma o presidente da CNTA. O grupo apresentou contraproposta, que será tratada em videoconferência das entidades de classe.
Mas o segmento não é composto só por grandes empresas. Nas menores, a orientação da CNTA e da Contac é valorizar a negociação pelos Sindicatos locais. As Confederações orientam, além do cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs), organizar comitês empresa-Sindicato-trabalhadores para encaminhar questões.
Reserva – Após observar que o documento ao governo também foi enviado à OIT, OMS e à CNI, Artur Bueno de Camargo lembra que as empresas do setor faturaram alto nos últimos anos. Ele comenta: “Elas têm suficiente reserva pra enfrentar o período crítico do coronavírus, sem precisar cortar empregos e sacrificar salários”. E arremata: “Já o trabalhador, se ficar um mês sem receber, começa a passar dificuldades”.
Agência Sindical
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