Informação foi obtida com exclusividade pelo RJ2. Confronto balístico poderá indicar se tiro saiu da arma de algum dos policiais envolvidos na ação.
O tiro que matou o adolescente João Pedro, de 14 anos, durante uma operação policial no Complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), entrou pela barriga e saiu pela escápula – osso que fica no ombro. As informações da perícia preliminar foram obtidas com exclusividade pelo RJ2.
Além disso, a bala que atingiu o menino foi encontrada e, assim, os investigadores poderão fazer o confronto balístico para saber se tiro saiu de algum dos policiais envolvidos na ação.
A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, que investiga o caso, informou que os policiais envolvidos na ação já foram ouvidos. Inclusive, o copiloto do helicóptero da Polícia Civil usado para resgatar João prestou depoimento.
Os investigados descartaram qualquer relação da família do menino com criminosos que fugiam dos policiais no momento em que João foi baleado.
“Segundo relato dos policiais civis que estavam no confronto, esses criminosos nada tinham a ver com essas pessoas que estavam no interior da residência, esses jovens. Foram criminosos que ingressaram na casa para fugir do cerco policial (…)”, detalhou o delegado Allan Duarte.
Casa tem 70 buracos de balas
Líderes comunitários e vizinhos que estiveram na casa onde João foi atingido contaram pelo menos 70 buracos de tiros. Encurralados, jovens que estavam no imóvel se jogaram no chão para se proteger, mas o menino acabou atingido na barriga.
Um dos jovens que estava na casa com João Pedro disse na terça-feira (19) que eles estavam brincando quando começou o tiroteio. Segundo ele, o grupo jogava sinuca quando ouviram um helicóptero voando em volta da casa.
“Aí, eles começaram a dar tiro em direção ao morro. A gente entrou correndo pra dentro de casa e ficou lá. Aí, todo mundo deitou no chão. Aí, depois, o primo de Duda viu, Matheus viu os policiais entrando e se agachando ali no deck da piscina. A gente foi, deitou no chão, levantou a mão. Matheus começou a gritar que só tinha criança”, detalhou o jovem.
Família acusa policiais de chegarem atirando
João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, estudante, morreu na segunda-feira (18) durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil do RJ. Familiares e testemunhas contaram que policiais chegaram atirando na casa onde João e amigos estavam, na Praia da Luz, em Itaoca.
Parentes passaram a noite procurando o adolescente em hospitais e só acharam o corpo 17 horas depois, no Instituto Médico-Legal do Tribobó.
A operação conjunta buscava prender o traficante Ricardo Severo, conhecido como Faustão. No fim, ninguém foi preso. Segundo os agentes, bandidos reagiram com tiros e granadas.
Por Leslie Leitão, RJ2
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