Brasil

Nove mil voluntários vão participar de testes de vacina chinesa contra a Covid-19 no Brasil

A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela chinesa Sinovac será testada em 12 centros de pesquisa Foto: Nicolas Asfouri/AFP

SÃO PAULO – A potencial vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac será testada no Brasil em 12 centros de pesquisa de seis estados brasileiros, disse ontem o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acrescentando que o início dos ensaios clínicos no país depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os estudos serão liderados pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo paulista. A instituição assinou acordo com a companhia chinesa que inclui, além dos testes, a transferência de tecnologia para a produção da vacina no Brasil, caso se mostre eficaz.

— Já foram definidos os 12 centros de pesquisa que farão os testes da vacina contra o coronavírus aqui no Brasil. E obviamente isso não será feito apenas em São Paulo — disse João Doria. — Os testes, coordenados e liderados pelo Instituto Butantan, serão realizados com 9 mil voluntários em centros de pesquisa de seis estados brasileiros.

Os testes ocorrerão, além do Distrito Federal, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O governador de São Paulo reiterou que aguarda para esta semana um aval da Anvisa.

A agência disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que seu corpo técnico está em contato com o Butantan e com a Sinovac desde o anúncio da parceria, em 11 de junho, “para analisar e sanar questões técnicas envolvidas na autorização do estudo clínico”.

Informou ainda que, embora o processo esteja em estágio “avançado”, não há previsão para que a análise da agência reguladora seja concluída, “mas a expectativa é que isso ocorra logo”. “O tema está recebendo prioridade máxima, assim como todos os estudos e produtos relacionados ao enfrentamento da Covid-19”, acrescentou a Anvisa.

Além da vacina da Sinovac, está sendo testada no Brasil uma potencial vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a mais avançada até o momento.

Em São Paulo, os estudos são liderados pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) da Unifesp, que recrutaram dois mil voluntários, em parceria com o Grupo Fleury. A infraestrutura médica e de equipamentos será financiada pela Fundação Lemann. Outras mil pessoas farão parte do teste no Rio, onde o estudo ficará a cargo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Rede D’Or, que vai cobrir os custos da primeira fase da pesquisa. Além disso, o Idor deve aumentar esse número para mais duas mil pessoas em outras capitais brasileiras, em parceria com a AstraZeneca.

Corrida por solução

Outro imunizante em processo de testes em humanos, desenvolvido pela empresa alemã de biotecnologia BioNTech e pela farmacêutica Pfizer, mostrou potencial e foi bem tolerada no estágio inicial, segundo anúncio feito ontem.

A BioNTech afirmou que os testes de duas dosagens de seu medicamento BNT162b1 em 24 voluntários mostrou que, após 28 dias, eles desenvolveram níveis mais altos de anticorpos para Covid-19 do que os normalmente observados em pessoas infectadas.

A mais alta entre as duas doses — ambas administradas por meio de duas injeções com diferença de três semanas — foi seguida por uma febre curta em três dos quatro participantes após a segunda aplicação.

Uma terceira dosagem, testada em uma concentração mais alta em um grupo separado, não foi repetida após a primeira aplicação devido à dor da injeção.

— Esses primeiros resultados mostram que a vacina produz atividade imune — disse o cofundador e CEO da BioNTech, Ugur Sahin.

Globo-Extra

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