A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) quer ampliar o estudo da vacina da Universidade de Oxford e convoca nesta terça-feira (11) voluntários com até 69 anos para participar dos testes. Antes, a idade limite era de 55 anos.
Na segunda-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou a idade máxima dos participantes da pesquisa, mantendo a idade mínima de 18 anos. O órgão, também autorizou que os voluntários da vacina de Oxford recebam a segunda dose, de reforço, da imunização.
O médico reumatologista Fábio, que foi voluntário na primeira dose, foi pego de surpresa com a notícia. “Eles têm acompanhado se há efeito colateral, se eu precisei de assistência hospitalar, se tive algum sintoma com a vacina, mas ontem cancelaram meu retorno, agendado para o dia 13, e avisaram que iriam marcar pra receber a segunda dose da vacina”, disse à reportagem.
Segundo o texto da Anvisa, os voluntários que já receberam a primeira dose devem tomar o reforço entre 4 a 6 semanas depois da primeira imunização.
“Quando a gente começou só havia dados de segurança até 55 anos. Agora, os dados de segurança até 69 são muito fortes. Isso permitiu que o estudo avançasse. Muito em breve, isso deve ser elevado até para mais de 69 anos. Vamos aguardar um pouco para essa liberação, mas provavelmente a vacina não terá mais idade limite”, adiantou Lily Yin Weckx, coordenadora dos estudos no Brasil.
ChAdOx1 nCoV-19
No dia 23 de junho, a Unifesp começou os testes em São Paulo da vacina ChAdOx1 nCoV-19, liderada globalmente pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.
A vacina é uma das 141 candidatas cadastradas na Organização Mundial de Saúde (OMS) e está entre as 13 que já estão em fase clínica de testes em humanos no mundo.
Ao todo, 50 mil pessoas serão testadas em todo o planeta — 30 mil nos Estados Unidos e outras em países da África e Ásia. No Brasil, pelo menos 5 mil voluntários da área da saúde, sendo 2 mil em São Paulo.
Os testes da vacina de Oxford em São Paulo estão sendo coordenados pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a coordenação das infectologistas Dra. Lily Yin Weckx e pela Dra. Sue Ann Costa Clemens, responsável pela articulação que colocou o Brasil como o primeiro país da América Latina a integrar a fase de testes da vacina, para além do Reino Unido.
O Hospital São Paulo é o responsável pela análise do perfil dos profissionais de saúde aptos a receberem o teste da vacina. A Fundação Lemann é uma das financiadoras do projeto no Brasil.
A vacina da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a empresa AstraZeneca, que utiliza princípios semelhantes de estudos de vacinas contra ebola e Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio causada por outro tipo de coronavírus) é uma das vacinas em estágio mais avançado no mundo. É considerada também uma vacina moderna e “segura” por não utilizar o vírus e sim uma sequência genética.
Sabina Simonato, SP1 – G1
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