O pagamento das cinco parcelas do Auxílio Emergencial de R$ 600,00 pra 65,4 milhões de pessoas revela muito sobre o Brasil. Primeiro, a enormidade de brasileiros sem renda. Segundo, o número de beneficiados – informais, subempregados e outros – ser o dobro das pessoas com Carteira assinada.
Na pandemia e por causa da recessão, esse pagamento de R$ 600,00 deve prosseguir. Mas o País precisará encontrar o caminho do emprego.
Observações de Pedro Afonso Gomes, presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo, durante live da Agência Sindical, quarta (2). Ele alertou, também, que o dinheiro precisa sair dos bancos e chegar às micro e pequenas empresas.
TRECHOS PRINCIPAIS:
Impacto – O valor de R$ 600,00 pra alguém em São Paulo pode ser pouco. Mas, em Regiões como o Nordeste, tem outro peso. Esse dinheiro garantiu às pessoas sobreviver e ativou o comércio local durante a pandemia.
Consumo – Os recursos do Auxílio foram gastos basicamente com alimento. O fato é que muita gente está sobrevivendo com os R$ 600,00. Existe a questão das contas e tarifas adiadas. Mas aí já é outro problema.
Renda mínima – Condição política pra se instituir essa renda haveria. Só pergunto quem vai pagar? O PIB brasileiro é R$ 330 bilhões por mês. A primeira parcela do Auxílio liberou R$ 51 bilhões por mês. Na segunda etapa R$ 25 bilhões. Difícil o governo manter. Teria que mudar prioridades ou rebaixar o valor, pra torná-lo permanente.
Emprego – Há um movimento de economistas a favor de prorrogar o Auxílio de R$ 600,00. Mas é preciso enxergar adiante. O Auxílio hoje é pago pra quase o dobro das pessoas com Carteira assinada. É importante, mas ele acaba. O sindicalismo precisa pensar na geração de emprego.
Retorno – Todo gasto feito pelo governo junto à sociedade se multiplica por cinco. Se paga R$ 1 mil, ele se multiplica por cinco. O governo, na prática, recebe de volta mais do que entrega. Portanto, distribuir renda faz girar a economia. Além do que reduz despesas diversas.
Renda – A concentração é nociva. Quem ganha muito não gasta tudo o que ganha. Já quem ganha pouco gasta tudo. Quem concentra não ajuda girar a economia, a gerar novos postos de trabalho e distribuir renda. O mercado interno é o mais importante.
Entidade – No Sindicato, há unanimidade quanto ao Estado conceder renda. Mas há diversas posições dentro da entidade. Não dá pra fixar uma só, embora todos sejam sensíveis à questão social. Eu defendo a continuidade do Auxílio, mas tem que pensar em formas de gerar empregos.
Poupança – O salário baixo é um problema real. Entendo que os Sindicatos devem ensinar o trabalhador a administrar o pouco que tem. Educação financeira seria, pra mim, matéria escolar obrigatória.
Microempresas – O dinheiro anunciado pelo governo não chegou. Os bancos estão dando todas as desculpas possíveis pra não emprestar. O sistema financeiro deve ser forte, mas não privilegiado. O governo socorreu os bancos, que não cumpriram o papel deles. Concentraram os recursos que ajudariam na retomada.
MAIS – Acesse o site SindeconSP.
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Agência Sindical
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