Crianças e adultos produzem diferentes tipos e quantidades de anticorpos em resposta à covid-19, descobriu um estudo da Universidade de Columbia, Estados Unidos, publicado nesta quinta (5). As variações nos anticorpos sugerem que a diferença na resposta imune dos pequenos faz com que a maioria deles elimine facilmente o vírus do organismo.
“Nosso estudo fornece uma análise aprofundada dos anticorpos do Covid-19 em crianças, revelando um forte contraste com o que ocorre nos adultos”, disse, em nota a imunologista da Universidade de Columbia Donna Farber, que liderou o estudo. “Em crianças, o curso infeccioso é muito mais curto e provavelmente não tão disseminado como em adultos. Elas podem eliminar este vírus com mais eficiência sem precisar de uma forte resposta imunológica tão intensa para se livrar dele”.
Farber explica que essa característica imunológica das crianças atua em todas as doenças. “Esta é uma infecção nova para todos”, diz a imunologista, “mas as crianças têm uma adaptação única ao encontrar um patógeno pela primeira vez. É para isso que o sistema imunológico delas foi projetado. As crianças têm muitas células de defesa ingênuas que são capazes de reconhecer todos os tipos de novos patógenos, enquanto as pessoas mais velhas dependem mais das memórias imunológicas. Não somos tão capazes de responder a um novo patógeno como as crianças. ”
Entre as 47 crianças com Covid -19 que participaram no estudo, metade não apresentava nenhum sintoma da doença. Seus exames foram comparados aos de 32 adultos que tiveram desde sintomas leves até complicações que precisaram ser tratadas em UTI. Todas as crianças apresentaram uma resposta imunológica diferente da dos adultos.
Elas produziram menos anticorpos contra a proteína que o vírus utiliza para infectar células humanas. Os anticorpos das crianças tiveram menor atividade neutralizante, enquanto o dos adultos, incluindo jovens na casa dos 20 anos, produziram mais células desse tipo. Os adultos mais doentes foram os que tiveram a maior atividade mais neutralizante.
Embora possa parecer contra intuitivo que os pacientes mais doentes produzam anticorpos com a maior atividade neutralizante, Farber diz que isso provavelmente reflete a quantidade de tempo que o vírus está presente nos pacientes infectados. “Há uma conexão entre a magnitude de sua resposta imune e a magnitude da infecção: quanto mais grave a infecção, mais robusta a resposta imune, porque você precisa ter mais células para eliminar uma dose elevada de um patógeno. Isso sugere que, em crianças, a infecção não se espalha muito e não mata um número grande de suas células. Como as crianças eliminam o vírus rapidamente, elas não têm uma infecção generalizada e não precisam de uma resposta forte de anticorpos.”
De acordo com os pesquisadores, o curso reduzido da infecção em crianças pode significar que elas têm a infecção por um período mais curto em comparação com os adultos e, portanto, são menos propensas a transmitir o vírus.
Embora as descobertas sugiram que o curso da infecção em crianças e adultos é diferente, ainda não se sabe exatamente como as crianças são capazes de eliminar o vírus mais facilmente – e o que falta ao sistema imunológico adulto. É nisso que os pesquisadores se concentrarão daqui para frente, em busca de tratamentos mais eficientes contra a doença.
Por Crescer
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