Pela Nova Fronteira, 1981, Mário Morel publicou “LULA – O METALÚRGICO – Anatomia de uma Liderança”. Por 30 dias, o jornalista conviveu com Lula, em sua casa, viagens, comícios e atos.
Lula, jovem, já era calejado, havia dirigido greves de enorme adesão. Em 1980, sentiu a mão pesada da ditadura. Em 14 de abril, o Tribunal Regional do Trabalho decretou a ilegalidade da greve, acusando o Sindicato do ABC de “insuflar a desordem e incitar a população contra o governo”. A greve seguiu. No dia 18 foi decretada intervenção no Sindicato e destituição da diretoria. No dia seguinte, sem ordem judicial, o sindicalista foi preso.
O ponto alto do livro são as entrevistas, nas quais Lula mostra suas posições sindicais, políticas e religiosas. Na página, 148, Morel relata: “Eu vi Lula fazer o sinal da cruz ante uma procissão. Em 1973, fez Cursilho. Em 1978, disse que a Igreja queria se redimir diante da classe trabalhadora. Admira D. Hélder, Casaldáliga…” Mesmo católico, ele criticava: “A Igreja foi, através dos tempos, aliada do poder, quando não o próprio poder”.
Lula e o Sindicato foram punidos com base no então Artigo 528, da CLT: “Ocorrendo dissídio ou circunstâncias que perturbem o funcionamento de entidade sindical ou motivos relevantes de segurança nacional, o Ministro do Trabalho poderá nela intervir, por intermédio de Delegado ou de Junta Interventora”. Irritado, Lula afirmava: “A CLT é pior que o finado AI-5”.
Mas Mário Morel não ouviu apenas Lula. Falou também com Alzira de Melo Rodrigues, a primeira repórter a publicar entrevista com o então jovem dirigente, e Antônio Carlos Félix Nunes, que, se pode dizer, foi o primeiro jornalista comprometido com o tema.
Partido – Lula fala do Partido dos Trabalhadores, longe do linguajar comunista ou trabalhista. Essa postura gerou no Estadão um texto famoso do Diretor, o dr. Ruy Mesquita: “Pela primeira vez na história do sindicalismo surge um líder em estado de pureza”.
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Por Agência Sindical
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