O primeiro trimestre foi positivo para a indústria automobilística. Foram comercializadas 1,08 milhão de unidades – automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários. Resultado é o melhor desde 2008. Em relação ao mesmo período de 2024, aumentou 8%.
Para Wellington Messias Damasceno, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, aumento se deve a políticas do governo federal, como a Nova Indústria Brasil (que objetiva impulsionar a indústria nacional até 2033) e o Mover (que pretende descarbonizar a frota automotiva).
O dirigente falou à Agência Sindical.
Principais trechos:
Causas – São três. “Em primeiro lugar, as políticas do governo Lula, como o Mover e a Nova Indústria Brasil, que estão articuladas com os setores empresarial e sindical. Isso melhora o ambiente interno. Segundo fator é o aumento da exportação de automóveis, particularmente para a Argentina, onde população vê carro como um ativo que protege da inflação. Por último, a recuperação pós-pandemia, que já era esperada, mas foi mais lenta devido à desconfiança gerada pelo governo Bolsonaro”, enumera Wellington.
Tendência – Neste ano, dirigente projeta que vendas de veículos continuarão crescendo. Contudo, devido a fatores externos, previsão para próximos anos é incerta. “A importação de carros chineses para o Brasil vem crescendo muito, e deve aumentar após as tarifas do governo Trump. Além da China, o México é outro país produtor que aumentará as exportações para o Brasil, o que pode impactar nossa indústria. Temos dialogado com o governo e o setor para que haja um equilíbrio entre produção local e importação de veículos”, explica.
Setor – A contratação de um trabalhador em uma fábrica de veículos gera outros dez empregos no restante da cadeia produtiva. Wellington usa esse dado para defender a importância estratégica do setor. Ele diz: “O sistema é interligado. Quando a produção aumenta, isso beneficia desde o trabalhador mais qualificado, como desenvolvedores e engenheiros de software, até o metalúrgico que está na fábrica de autopeças e o vendedor que está na loja”.
Convenção – Na base dos Metalúrgicos do ABC, após a reforma trabalhista de Temer, trabalhadores das diversas montadoras passaram a ter datas distintas de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho. Mesmo assim, Wellington crê em boas campanhas salariais. “O trabalhador sofreu muito com Temer e Bolsonaro. A perda da massa salarial ultrapassou 30% nesse período. Ainda não conseguimos nos recuperar plenamente dessas perdas, mas agora estamos no caminho certo, com ganhos reais e avanços nas cláusulas sociais”, analisa.
Transição – Wellington acredita que o Brasil está em uma posição privilegiada para realizar sua transição energética. “Temos todo o potencial para produzir veículos e combustíveis verdes, garantindo geração de emprego e renda para as futuras gerações. Contudo, não podemos simplesmente importar soluções. O programa Mover colocou as balizas corretas. Agora temos que ser cada vez mais ativos no desenvolvimento de novas tecnologias, inclusive pensando em exportá-las”, conclui.
MAIS – Sites dos Metalúrgicos do ABC e da Anfavea.
Por Agência Sindical
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