A crise interna no Ministério Público do Peru se intensificou nesta quarta-feira (2), após a recusa de dois procuradores de substituir seus pares afastados da investigação dos supostos vínculos ilícitos entre a empreiteira brasileira Odebrecht e ex-presidentes da República.
“Hoje apresentamos, pelo bem da instituição (…) e para que as investigações não sejam prejudicadas, nossa renúncia ao cargo”, disse à imprensa o procurador Marcial Páucar, que tinha sido nomeado com Frank Almanza na segunda-feira, quatro horas antes do fim do ano, pelo questionado procurador-geral Pedro Gonzalo Chávarry.
O surpreendente afastamento dos procuradores do caso Odebrecht, Rafael Vela e José Domingo Pérez, desencadeou uma onda de protestos populares e motivou o presidente Martín Vizcarra a pedir para o Congresso declarar o Ministério Público em estado de emergência nesta terça-feira.
A decisão dos procuradores Frank Almanza e Marcial Páucar de renunciar a integrar a equipe que investiga a Odebrecht também foi uma surpresa. Eles tinham aceitado sua designação na segunda-feira.
Predomina a impressão de que Chávarry acabará beneficiando a impunidade com a retirada dos procuradores nomeados em julho passado.
Chávarry é questionado porque se considera que a retirada de Vela e Pérez boicota um acordo judicial de colaboração eficaz (delação premiada) entre o MP brasileiro e os procuradores peruanos despedidos para que os executivos da Odebrecht entreguem provas documentais de supostos pagamentos a políticos locais em troca de favores.
O acordo passaria a valer em 11 de janeiro, com um depoimento, em São Paulo, do ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata.
AFP
Adicionar comentário