O presidente Jair Bolsonaro dará, nesta terça-feira (22), um esperado discurso no Fórum de Davos para apresentar seu “novo Brasil” e atrair investimentos para uma economia em vias de recuperação.
“Estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou”, disse Bolsonaro na segunda à noite ao chegar à estação suíça, em sintonia com sua promessa de apresentar “um Brasil diferente, livre das amarras ideológicas e da corrupção generalizada”, como afirmou o ex-militar no Twitter.
Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou suas novas previsões, com mais otimismo sobre o Brasil.
Segundo o FMI, o país está no caminho da recuperação depois da recessão de 2015 e 2016. O Fundo antecipou um crescimento revisto para alta de 0,1 ponto percentual, até 2,5% em 2019.
“Demonstraremos que o Brasil pode ser um país seguro para os investimentos, em especial na área do agronegócio, que é muito importante para nós”, afirmou Bolsonaro ontem.
“Nós queremos mostrar que o Brasil está tomando medidas para que o mundo restabeleça confiança em nós, que os negócios voltem a florescer entre o Brasil e o mundo, sem viés ideológico”, disse Bolsonaro a jornalistas ao chegar ao hotel onde se hospeda na cidade suíça.
“[Queremos] mostrar que podemos ser um país seguro para investimentos, em especial para a questão do agronegócio, que é muito importante para nós. É o nosso commodity mais caro, queremos ampliar esse tipo de comércio”, acrescentou.
“Para isso estamos aqui: para mostrar que o Brasil mudou”, emendou.
Bolsonaro prometeu um discurso “muito curto”, previsto para esta terça, às 12h30.
“Vai ser um discurso muito curto. Foi feito e corrigido por muitos ministros para que pudéssemos dar o recado mais amplo possível do novo Brasil que se apresenta com nossa chegada ao poder”, antecipou Bolsonaro a jornalistas na Suíça.
No pronunciamento, espera-se que o presidente confirme seu programa de reformas estruturais, liderado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e que declare o Brasil “aberto aos negócios”.
“Não está claro se as ideias liberais de Guedes são compatíveis com o nacionalismo dos ex-militares que integram o gabinete de Bolsonaro”, completa Binetti.
Segundo o jornal O Globo, “o desafio é reafirmar ao mundo que o Brasil é uma democracia sólida e uma boa oportunidade de investimento”.
Sua estreia como presidente em um evento internacional ocorre em um momento em que aumenta a pressão sobre seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito, com posse prevista para 1º de fevereiro, vinculado a uma série de movimentações bancárias consideradas suspeitas.
“Seu filho Flávio está começando a dar explicações, mas será a Justiça que deverá determinar se suas operações foram legais, ou não”, avaliou o analista Gustavo Segré, professor argentino da Universidade Paulista, que não acredita que este caso vá influenciar a mensagem que quer passar em Davos.
Acompanham-no na comitiva presidencial outro filho, o deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, Paulo Guedes; e os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e da Justiça, Sérgio Moro, entre outras autoridades, segundo a Agência Brasil.
Davos reúne 3.000 empresários e líderes políticos entre terça (22) e sexta-feira (25). Este ano, o evento será marcado pela ausência de grandes líderes, como o presidente americano, Donald Trump; a premiê britânica, Theresa May; e o presidente francês, Emmanuel Macron – todos mergulhados em suas próprias crises domésticas.
Perguntado sobre as privatizações, o presidente afirmou que o ministro Paulo Guedes, “só vai anunciar (a agenda de privatizações) no momento em que tivermos certeza de que faremos boas privatizações”.
Na noite de terça, o capitão da reserva, que assumiu a Presidência em 1º de janeiro, tem previsto jantar com seus contrapartes de Colômbia, Equador, Peru e Costa Rica.
Segundo a Agência Brasil, Bolsonaro também poderá participar de um painel sobre a crise na Venezuela e de outro denominado “O Futuro do Brasil”.
“Espero que rapidamente mude o governo da Venezuela”, declarou em sua chegada à cidade suíça.
AFP
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