Política

Bolsonaro lança reforma da previdência em meio a crise política

Jair Bolsonaro, em Brasilia, em 25 de janeiro de 2019. Reprodução: AFP / Sergio LIMA

O governo revelou nesta quinta-feira as primeiras diretrizes da reforma da previdência, em um momento de fortes tensões dentro da aliança ultraconservadora que o levou ao poder.

A crise política se acelerou quando o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, questionou a capacidade de “liderança” de Bolsonaro.

Bolsonaro, que recebeu alta após 17 dias internado, reuniu-se em Brasília com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e outros membros do governo para finalizar, após semanas de discussões, a proposta definitiva de reforma da previdência que será apresentada ao Congresso no próximo dia 20 de fevereiro.

Na saída, o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, explicou que o presidente optou por uma idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens, com um período de transição de 12 anos. Uma proposta um pouco mais suave do que a de Guedes, que queria impor uma idade mínima de 65 anos para todos e uma transição de 10 anos.

Nenhum outro detalhe, como os anos de contribuições necessários para obter um benefício de aposentadoria parcial ou total, foi divulgado.

A Bolsa de São Paulo, que operou com altos e baixos durante a sessão, se recuperou na última hora após o anúncio e fechou com um ganho de 2,27%. O real também subiu em relação ao dólar.

– Bolsonaro: Brasil pode “quebrar em 2022 ou 2023” –

Guedes disse na semana passada que esperava que a reforma, exigida durante anos pelos investidores para limpar o déficit das contas públicas, economizaria um trilhão de reais em uma década.

Marinho disse que o governo espera que o Congresso aprove “em breve” o projeto que será apresentado na próxima semana.

“Eu gostaria de não fazer reforma nenhuma da Previdência, mas seremos obrigados a fazer, porque, caso contrário, o Brasil quebrará em 2022 ou 2023”, afirmou Bolsonaro na quarta-feira.

– Crise no Planalto –

À princípio, Bolsonaro tem uma maioria formada pelas bancadas de vários partidos para aprovar essa reforma constitucional, que requer uma maioria de três quintos dos assentos tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.

No entanto, o presidente se encontra atualmente em meio a uma crise política gerada por alegações de dissidência dentro de seu grupo político e por corrupção.

O último mal-estar aconteceu nesta semana quando o seu ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, se viu envolvido em um suposto esquema para lançar candidatos laranjas do Partido Social Liberal (PSL, partido de Bolsonaro) com o único propósito de receber verbas do fundo partidário.

Bebianno, que como presidente do PSL foi um dos principais articuladores da campanha de Bolsonaro, tentou minimizar a crise e disse que havia conversado várias vezes por telefone com o presidente antes dele deixar o hospital em São Paulo.

No entanto, o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, divulgou um áudio na quarta-feira em que seu pai aparentemente se recusa a conversar com Bebianno e negou pelo Twitter a existência dessa conversa. Bolsonaro confirmou a versão de seu filho pouco depois, afirmando que Bebianno “mentiu”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta quinta-feira que Bolsonaro está usando sua família em vez de “liderar uma solução” para essa crise.

“O Bebianno transferiu dinheiro para o diretório [do PSL], não é? Ou para uma candidata de um estado. Qualquer presidente de partido poderia passar por isso. Você transformar isso numa crise dentro do Palácio do Planalto, eu acho que é risco muito grande pra um governo que precisa analisar a liderança, unidade, porque vai ter desafios importantes, começando pela Previdência”, comentou Maia.

Ao ser questionado se a crise poderá dificultar a aprovação da reforma da previdência, Marinho respondeu: “Estamos trabalhando a previdência e o Brasil não pode parar”.

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