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Confiança

//Flavio Amary fala da necessidade de se restabelecer a confiança no País e ressalta que nesse momento, e com essa volatilidade, apenas especuladores financeiros estão tendo altos ganhos. Leia!

//Assim como qualquer data em nosso calendário, as eleições acontecem a cada biênio e já têm suas datas definidas. Sabemos que, no primeiro domingo de outubro de cada ano par, teremos eleições e depois de três semanas, em casos específicos, teremos um segundo turno.

E sempre durante esses períodos, as turbulências econômicas e incertezas em relação ao futuro deixam todos mais apreensivos. Países como o nosso, onde a política interfere diretamente na atividade econômica, com um regime democrático novo, o impacto eleitoral atinge a tudo e a todos.

Recebi informação de um grande banco que um contrato assinado previa uma cláusula resolutiva e condicionada ao resultado das eleições presidenciais. Faz-se necessário mudar o formato dos debates e da apresentação das candidaturas, ao menos para que, por meio desta nova forma, possamos conhecer melhor o que pensam os candidatos sobre temas relevantes do País.

Durante esse período pré-eleitoral, tenho acompanhado todos os debates, entrevistas, programas eleitorais e mantido contato pessoal com todos os candidatos viáveis. Mas os formatos dos debates eleitorais brasileiros, diferente dos norte-americanos (os quais também acompanho), não permitem, com seus segundos contados, que se desenvolva qualquer ideia, conceito ou proposta.

Os debates, portanto, que seriam excelentes para conhecermos melhor o que pensam sobre assuntos relevantes, tornam-se diálogos com pouco resultado prático, e as propostas que deveriam ser apresentadas e conhecidas, muitas vezes, são substituídas por ataques pessoais e com objetivo de desestabilizar os candidatos.

Entrevistas nas emissoras de rádio e televisão também não são diferentes. As perguntas têm, em sua maioria, objetivos de atingir pontos fracos, o que, apesar de serem importantes, não deveriam integrar a totalidade dos questionamentos. Neste momento em que estamos vivendo forte volatilidade econômica, uma declaração dos candidatos que estão à frente nas pesquisas, com alguns compromissos, poderia tranquilizar o mercado.

Pontos que não estão claros para todas as candidaturas, e que são fundamentais para nosso futuro, se esclarecidos, poderiam trazer menos incertezas e menos instabilidade para a economia. Embora saibamos que qualquer que seja o próximo presidente algumas ações são fundamentais, pois, se não forem feitas, tornam insustentável qualquer governo.

A forte desvalorização cambial de 2002 trouxe, como reflexo, uma inflação altíssima para o período e o ano sequente. A desvalorização dos últimos meses pode trazer o mesmo impacto, e só não está sendo com a mesma dimensão em razão da enorme recessão que estamos vivendo.

Mas poderá ser evitada também com a comunicação concreta dos objetivos de vários candidatos que, por não declararem como, efetivamente, pensam trazem incerteza e falta de confiança. Uma carta aos brasileiros poderia diminuir esse impacto e seus desdobramentos, que têm sacrificado, ainda mais, um país que vive anos seguidos de recessão econômica.

Paramos de piorar e tivemos melhora nos indicadores econômicos que nos deixaram preparados para a retomada, mas só conseguiremos, realmente, ter a recuperação econômica se houver respeito às finanças públicas, sem o aumento de impostos.

A confiança precisa ser restabelecida e, para isso, um compromisso das candidaturas pode contribuir muito, pois, neste momento e com essa volatilidade, apenas especuladores financeiros estão tendo altos ganhos.

Flavio Amary é presidente do Secovi-SP e reitor da Universidade Secovi

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