Saúde

Fabricante da ivermectina diz que dados disponíveis não apontam eficácia contra a Covid-19

Vacina desenvolvida entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac (Amanda Perobelli/Reuters)

A ivermectina é um dos remédios que fazem parte do chamado ‘Kit Covid’, voltado ao suposto ‘tratamento precoce’ da doença, defendido pelo governo.

A farmacêutica Merck, responsável pela fabricação da ivermectina, informou em comunicado na quinta-feira (4) (veja abaixo) que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19. A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo.

O medicamento faz parte do chamado “Kit Covid”, voltado ao suposto “tratamento precoce” da doença. O presidente Jair Bolsonaro costuma defender o uso desses remédios, mesmo sem comprovação de eficácia por estudos científicos.

A empresa destaca três pontos da análise:

  • Não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos;
  • Não há evidência significativa para atividade clínica em pacientes com a doença;
  • E há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos.

Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”, diz o comunicado.

Segundo a Merck, os cientistas seguem examinando cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis.

No Brasil

A ivermectina é um dos remédios que fazem parte do chamado ‘Kit Covid’, voltado ao suposto ‘tratamento precoce’ da doença.

Um levantamento feito pelo G1 apontou que a venda do medicamento teve um aumento de 557% entre 2019 (antes da pandemia) e 2020 (quando a pandemia começou).

Outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 também tiveram altas expressivas nas vendas em 2020, como a hidroxicloroquina e a nitazoxanida (veja gráfico abaixo).

Venda de remédios sem eficácia contra a Covid-19 em farmácias do Brasil — Foto: Elcio Horiuchi/Arte G1

Venda de remédios sem eficácia contra a Covid-19 em farmácias do Brasil — Foto: Elcio Horiuchi/Arte G1

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde lançou um aplicativo que recomendava o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada. O aplicativo saiu do ar um dia depois.

Em julho do ano passado, a Anvisa já tinha alertado que o vermífugo não tinha comprovação científica de eficácia.

Trecho do comunicado da Merck

A Merck (NYSE: MRK), conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá, afirma hoje sua posição em relação ao uso de ivermectina durante a pandemia de Covid-19. Os cientistas da empresa continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes de ivermectina para o tratamento de Covid-19 para evidências de eficácia e segurança. É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou:

– Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos;

– Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e;

– A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.

Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.

Por G1

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