Em 24 de agosto de 1954, em meio a uma violenta campanha de setores entreguistas, o presidente Getúlio Vargas se matou. “Deixo a vida pra entrar na história”, escreveu em sua Carta-Testamento, que Darcy Ribeiro considera o mais importante documento político brasileiro.
Pra falar de Getúlio, com enfoque no nacionalismo, trabalhismo, desenvolvimentismo e visão de Estado, a live da Agência Sindical da sexta (21) recebeu Lucio Maluf. Trabalhista histórico e membro do diretório nacional do PDT, ele sintetiza: “Todo país desenvolvido é nacionalista”.
TRECHOS PRINCIPAIS:
Nacionalismo – Getúlio Vargas é uma personalidade absolutamente complexa, fascinante e original. O mundo estava entre o fascismo e o comunismo, mas Getúlio conseguiu se equilibrar em um país subdesenvolvido e construir uma história nacional brasileira. Sem negociar seus compromissos com o povo.
Trabalhismo – Ele não foi um pensador trabalhista como Pasqualini, nem um ideólogo. Mas tornou viável e prático o trabalhismo. E obteve resultados impressionantes. Destaco sua capacidade de, ao mesmo tempo, pensar no trabalhador e atuar na geração da renda, para tornar factível os objetivos da doutrina trabalhista. A renda deve nascer do trabalho e sua apropriação precisa ser social.
Esquerda que faz – A marca do trabalhismo é fazer as coisas. E quem imprimiu essa marca foi Getúlio. Leonel Brizola também tem esse perfil. Os governos trabalhistas assumem o risco da práxis. Diferente de outras ideologias, que vivem mais do pensamento e teorias. O trabalhismo é a produção integrada com o trabalho e o capital alavancado pela geração de emprego, não de riquezas. A riqueza advém do trabalho. As maiores conquistas brasileiras ocorreram nos governos getulistas.
Estado – Onde tem Estado operante, problemas como esse do coronavírus não proliferam. O Estado nacional de Getúlio traz uma noção unitária e integradora. Uma de suas marcas foi a implementação dos serviços públicos. O Ministério do Trabalho e Comércio foi criado por ele. Criou o Ministério da Educação e Saúde Pública. Criou o IBGE, porque o Estado precisava de informações pra funcionar. Criou conselhos pra cuidar de questões estruturais como água, energia e petróleo. Tudo isso vem de uma visão sinérgica, integrada, integradora e sistêmica de organização do Estado.
Obras – Vale do Rio Doce, Petrobras, Siderúrgica Nacional. Pouca gente sabe, mas ele é o pai da indústria automobilística do Brasil, com a FNM. Das suas realizações, surgiram as fábricas. Antes de 1930, o PIB do Brasil era menos da metade do PIB argentino. Após Getúlio, o Brasil passou a valer duas Argentinas, bateu o recorde mundial de crescimento. De 1933 a 1943, o salário mínimo não teve aumento. O então ministro João Goulart sugeriu um aumento de 100% e Getúlio bancou. Considerava inegociáveis a soberania nacional e a dignidade dos trabalhadores.
Projeto – Vivemos uma era de grande dominação. Se não houver um projeto nacionalista, não teremos possibilidade que as empresas gerem riquezas pra sociedade brasileira. Com a capacidade material e territorial que o Brasil tem, é impossível não gerar riquezas. Todo país rico é nacionalista. China, Japão, Coréia, Estados Unidos: todos são nacionalistas.
Mais – Clique aqui e assista “Getúlio fala aos trabalhadores”.
Agência Sindical
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