Brasil

Governo Bolsonaro altera notificação de mortes por covid-19 para derrubar números

Governo Bolsonaro tenta mais uma vez reduzir artificialmente número de mortes por covid-19 em vez de agir. Foto: NCST

Alterações foram feitas pelo governo Bolsonaro sem aviso aos municípios, atrasando notificações de mortes por covid-19 e reduzindo os números

Com recordes diários de mortes por covid registrados todos os dias, o governo de Jair Bolsonaro alterou o sistema de notificação de óbitos sem informar as secretarias de saúde, provocando um atraso na inclusão dos dados desde ontem (23). Com isso, promove uma queda artificial nos números da pandemia. Foram incluídos no cadastro de óbitos dados como CPF, cartão SUS, registro de estrangeiro e se a pessoa havia ou não sido vacinada contra a covid-19. Outros dados foram excluídos. Segundo o secretário Estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, as informações agora solicitadas são irrelevantes para o registro das mortes causadas pelo novo coronavírus.

“O Ministério da Saúde burocratizou a informação, sem avisar, fazendo com que os dados aportados fossem atrasados, não mostrando o número real de mortes. Com isso, os dados (de mortes por covid-19) devem mostrar uma queda que não condiz com a realidade, vai causar uma queda artificial. Esses dados pouco importam em um momento como esse”, afirmou Gorinchteyn.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) informou que essas alterações estavam sendo discutidas, mas a mudança foi instituída sem a devida comunicação aos municípios. A alteração provocou ainda uma instabilidade generalizada no sistema, fazendo com que outros estados, como Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Minas Gerais também não conseguissem notificar as mortes por covid-19 registradas ontem adequadamente ao governo Bolsonaro.

Alguns campos alterados na ficha de registro de mortes por covid-19 do Ministério da Saúde

O Brasil tem hoje uma média de 2.364 mortes por covid-19 por dia, diante da inação de Bolsonaro. Apenas ontem (23), foram registradas 3.251. Hoje, provavelmente, o país atingiria a marca de 300 mil mortes, mas o atraso de notificação pode adiar isso para amanhã. O que deve ser aproveitado pelas redes Bolsonaristas para alardear que a pandemia não é tão grave quanto noticiado na imprensa.

O deputado federal Marcelo Freixo (Psol) criticou o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, substituto do general Eduardo Pazuello. “Está fazendo exatamente o mesmo que Pazuello fez ao assumir o ministério, tentando esconder os mortos. O ministério está mudando os critérios de registro de óbitos para maquiar os números. O governo Bolsonaro não tem e nem terá compromisso com o combate à pandemia”, afirmou.

Dentre as alterações, campos que antes não eram obrigatórios, como CPF ou cartão SUS, passaram a ser. Sem esses dados, a notificação de óbito não é finalizada. O que atrasa o processo. O campo para informar se o paciente voltava de viagem internacional foi excluído. Por exemplo, São Paulo registrou 1.021 mortes de segunda para terça-feira, mas somente 281 nas últimas 24 horas. O Conasems pediu que o Ministério da Saúde de Bolsonaro retome a ficha anterior para evitar transtornos na notificação de mortes por covid-19.

Fonte: Rede Brasil Atual – RBA

Por Rodrigo Gomes

 

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