O Grupo de Lima pediu nesta terça-feira (23) que se faça um “grande esforço” para que a Venezuela realize rapidamente eleições que levem “ao restabelecimento da ordem democrática” e advertiu que, caso contrário, haverá “mais pressão e sanções”.
Ao reforçar o apoio ao presidente interino opositor Juan Guaidó, os chanceleres do Grupo de Lima exortaram o governo de Nicolás Maduro a “não adiar a convocação de eleições presidenciais com todas as garantias, o mais brevemente possível”.
“Caso este objetivo não seja alcançado, serão impostas medidas de pressão e sanções adicionais”, segundo a declaração emitida ao final de seu encontro em Buenos Aires.
Os Estados Unidos, principais apoiadores de Guaidó, impuseram sanções a Maduro e dezenas de seus funcionários, e desde abril estas também vigoram para a indústria petroleira.
Além disso, a União Europeia sancionou funcionários do governo venezuelano e alguns países da América Latina proibiram sua entrada.
“Estamos recorrendo a um caminho de pressão, um caminho que tem que dar resultado, que significa a saída de Maduro”, disse à imprensa o deputado venezuelano Julio Borges, representante de Guaidó neste encontro.
– “Linhas vermelhas” –
A reunião do Grupo de Lima foi celebrada paralelamente a um diálogo entre representantes de Maduro e Guaidó, realizado reservadamente em Barbados, com mediação da Noruega.
Maduro descartou repetir as presidenciais de maio de 2018, mas insiste em celebrar eleições legislativas, enquanto o Parlamento é o único poder controlado pela oposição, sem informar uma data.
O chanceler argentino, Jorge Faurie, reforçou nesta terça que “nos processos de negociação sempre há linhas vermelhas claras. Para o Grupo de Lima, uma convocação antecipada do mandato da Assembleia Nacional é uma clara linha vermelha”.
Julio Borges insistiu em que “na Venezuela tem que haver uma mudança. Nós queremos a mudança pelo voto, quem escolhe a violência é Nicolás Maduro”.
– Informe Bachelet –
Ao condenar as violações dos direitos humanos referidas em um relatório da Alta Comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Michelle Bachelet, os chanceleres anunciaram que vão enviar este informe à Corte Penal Internacional, organismo ao qual em 2018 pediram para investigar Maduro por crimes contra a humanidade.
A declaração final destacou que será realizada uma investigação sobre o apoio recebido por Maduro de parte de governos e grupos políticos na América Latina “através de esquemas transnacionais de corrupção, narcotráfico e terrorismo”.
Além disso, expressou seu repúdio a fóruns e movimentos, em particular o Foro de São Paulo, que será realizado esta semana em Caracas, “que pretendem agir em defesa do regime ditatorial e ilegítimo de Nicolás Maduro”.
“Enquanto a Venezuela vive sua ditadura, todas as nossas democracias estão de alguma forma debilitadas. O que a Venezuela vive ameaça a paz, a segurança regional e também compromete a segurança internacional”, disse Faurie.
O Grupo de Lima, integrado por uma dezena de países latino-americanos e o Canadá, foi criado há dois anos para adotar uma postura comum diante da crise venezuelana, que provocou – segundo a ONU – o êxodo de quatro milhões de pessoas, principalmente a países da região.
O chanceler peruano, Néstor Popolizio, referiu-se à onda migratória, e pediu “apoio urgente e efetivo da cooperação internacional aos países de acolhida”.
O Peru, com 768.100 venezuelanos, e a Colômbia, com 1,3 milhão, são os países que abrigam a maior quantidade de migrantes e refugiados.
“Defendemos sempre a solução pacífica para a crise liderada pelos próprios venezuelanos o quanto antes. A crise se agrava e requer solução urgente através de eleições confiáveis, transparentes, livres e justas”, disse Popolizio.
AFP
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