Diante da catástrofe climática que há muitos dias arrasa cidades inteiras no Rio Grande do Sul e impõe sofrimento aos gaúchos, o Brasil se uniu para ajudar.
Enquanto as autoridades federais e estaduais trabalham em conjunto para resgatar vítimas das enchentes, salvar vidas e garantir recursos para o socorro, de todos os estados são enviadas doações de alimentos e itens de urgência para os desabrigados.
Essa corrente de solidariedade só não é maior porque políticos e outros personagens de extrema direita têm se dedicado com afinco a atrapalhar os esforços de doação e resgate.
Em escala industrial, figuras como o empresário Pablo Marçal, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Cleitinho (PL-MG) espalham fake news de vários tipos, de cobrança de impostos dos veículos que transportam alimentos para os desabrigados até proibição de circulação das embarcações de salvamento. Tudo falso.
Dessa vez, a enxurrada de mentiras tem o objetivo de reverter a boa avaliação que a população teve da reação do governo federal à catástrofe. Nas primeiras pesquisas de opinião, o trabalho da equipe do presidente Lula foi elogiada pela maioria dos entrevistados.
Mais preocupados com a disputa política que com a solidariedade aos gaúchos, os bolsonaristas voltaram a recorrer a sua milícia digital para disseminar desinformação.
O primeiro ataque de peso foi feito por Pablo Marçal, que divulgou em suas redes um vídeo em que um conhecido militante da extrema direita dizia que caminhões com doações foram barrados nas estradas porque o material não tinha nota fiscal.
A mesma mentira foi disparada por Eduardo Bolsonaro, Cleitinho e até pelo governador bolsonarista Jorginho Mello, atingindo milhões de pessoas e gerando revolta.
Apesar dos desmentidos oficiais, na quarta-feira (8) deputados do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro foram à tribuna da Câmara para fazer discursos que deram eco às informações falsas.
Isso obrigou autoridades federais e estaduais a interromperem os esforços que estavam concentrados em salvar vidas para rebater informações falsas, que circulam com grande intensidade.
Uma pesquisa Quaest revelou a magnitude dos prejuízos causados por essa máquina de fake news: um terço dos entrevistados recebeu alguma notícia falsa sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, principalmente por grupos de WhatsApp.
“É até difícil entender porque alguém faz uma coisa dessas”, desabafou o ministro Paulo Pimenta, em entrevista ao Jornal Nacional.
Pimenta afirmou que os conteúdos falsos têm consequências de vários tipos, desde fazer com que pessoas fiquem com medo de sair das casas a desestimular doações.
Por solicitação dele, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pediu à Polícia Federal uma investigação contra a divulgação de mentiras sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.
No ofício, Pimenta cita preocupação com o “impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições como o Exército, FAB, PRF e Ministérios, que são cruciais na resposta a emergências.”
O ministro afirma no pedido a Lewandowski que “a propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises”.
É preciso agir com rigor contra os propagadores de mentiras. A prioridade continua sendo o socorro aos gaúchos, mas nessa tragédia os divulgadores de mentiras mostraram mais uma vez o quanto podem ser nocivos para a vida nacional e o quanto lhes falta escrúpulos.
Agora, toda força deve ser concentrada no combate aos efeitos da enchente. Mas quando as águas baixarem, o combate às fake news deve voltar à ordem do dia — especialmente em um ano eleitoral.
Pelo bem do Brasil, seus autores e divulgadores mais graduados precisam ser punidos exemplarmente.
Por ICL Notícias
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