O eixo de gravidade do sindicalismo das montadoras está se movendo. Novas fábricas além do reduto paulista estimulam um sindicalismo forte, capaz de pesar nas relações capital-trabalho.
Exemplo recente é a greve vitoriosa no Paraná, contra a Renault, devido à demissão de 747 empregados. Outro polo sindical ativo e combativo está na Bahia, em Camaçari, onde fica a fábrica da Ford e parte do complexo de fornecedores.
Quem fala sobre Camaçari é Júlio Bonfim, presidente do Sindicato local dos Metalúrgicos. Ele participou de live da Agência Sindical sexta (28).
TRECHOS PRINCIPAIS:
Base – Representamos cerca de 28 mil trabalhadores no setor automobilístico, manutenção, serviços eletroeletrônicos, energia eólica, autopeças. Só na Ford são mais de 10 mil no Complexo de Camaçari.
Cortes – Desde 2014, com o fim do terceiro turno, lutamos contra cortes dos postos de trabalho. Conseguimos retornar o terceiro turno em 2016. Mas agora vivemos a pior crise, agravada pelo governo Bolsonaro. Negociamos antes da pandemia. Em março assinamos acordo coletivo com estabilidade no emprego por quatro anos.
Acordo – Abrange 14 mil trabalhadores. Conquistamos reposição do INPC pra 2021. Pra 2022, reposição mais aumento real de 0,5%. Pra 2023, asseguramos 1% de aumento. No tíquete a gente conseguiu INPC; reajuste de 0,5%; 1% e 1,5%. No caso da PLR, ficou assim: R$ 15.500,00 pra 2021; R$ 17.500,00 em 2022, e R$ 18.000,00 pra 2023. Ou seja, negociamos uma estrutura de ganhos nos salários, benefícios e PLR pros próximos quatro anos.
Estabilidade – Graças ao acordo, a empresa não poderá fazer desligamento no prazo de quatro anos. Nesse momento, era pra Ford demitir 1,6 mil, mas, devido ao acordo, eles foram colocados em lay off. Utilizamos a MP 936, mas corrigida. Garantimos que os trabalhadores recebessem 100% dos salários.
União – Graças à luta pelo retorno do terceiro turno, a fábrica está muito unida com o Sindicato. A gente lutou, conseguiu conquistar o retorno. Agora se desativa com os 1,6 mil trabalhadores em lay off. Mas a gente tenta equilibrar, porque esse acordo dá uma certa tranquilidade.
Pátio de autopeças – Identificamos que são gastos pela Ford R$ 280 milhões em logística – 65% das peças vêm do Sul e Sudeste. Estamos trabalhando com o governo do Estado pra criar em Camaçari o maior pátio de autopeças, capaz de gerar mais de cinco mil empregos diretos.
Visão – Há 28 empresas interessadas em vir pro pátio. O Sindicato não pode ficar preso nos embates de classe. Precisa ter essa visão futura do trabalho, do emprego e da indústria 4.0.
Projeto – Está em vias de execução. Falta o “start” da Ford, a maior interessada nisso. A montadora quer reduzir o modelo atual de autopeças do complexo. O Sindicato está em cima buscando preservar a empregabilidade. Temos estrutura salarial e de benefícios, com um formato capaz de atrair novas empresas, gerando empregos e aquecendo a economia.
MAIS – Acesse o site do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.
Agência Sindical
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