Manifestantes carregavam faixas e cartazes com a frase ‘Sua ação financia nossa miséria’ e levaram barracas para acampar na B3.
Integrantes de movimentos sociais ocuparam nesta quinta-feira (23) a B3, sede da Bolsa de Valores brasileira, na cidade de São Paulo, em protesto contra o desemprego, a inflação e a fome.
De acordo com os manifestantes, o local do ato foi escolhido porque as ações das grandes empresas estavam em alta até meados deste ano, devido ao crescimento de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB), mas a expansão foi desigual e deixou de fora especialmente a classe de renda mais baixa. (leia mais abaixo)
![MTST invade a Bolsa de Valores na capital paulista — Foto: Vivian Reis/G1](https://s2.glbimg.com/Rm7TkzoqoNOJq78v1LOxr-iTXc8=/0x0:1156x868/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/v/6/N6FXfwRjCCX2WhTJJKxQ/whatsapp-image-2021-09-23-at-14.04.21.jpeg)
“É inadmissível que quase 100 milhões de brasileiros estejam em situação de fome e insegurança alimentar enquanto os bilionários movimentam R$ 35 bilhões por dia só aqui na bolsa”, afirmou Debora Perereira, liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Os manifestantes cantavam e carregavam faixas e cartazes com dizeres como “Sua ação financia nossa miséria”, “Tá tudo caro e a culpa é do Bolsonaro”, “Brasil tem 42 novos bilionários enquanto 19 milhões passam fome”, “Tem gente ficando rica com a nossa fome”. Também levaram barracas para acampar na B3.
![Manifestantes em frente ao prédio da B3, no Centro da cidade de SP — Foto: Vivian Reis/g1](https://s2.glbimg.com/nAS2hZuWM7U4njR7HAwLO2tdn40=/0x0:1156x868/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/E/1/PbTXCsSn6wABI38LAO6A/whatsapp-image-2021-09-23-at-14.59.09.jpeg)
A bolsa está no vermelho desde que a crise política disparou a inflação e demandou alta nos juros. Ela apresenta queda de 5% no ano até esta quinta.
![Movimentos sociais ocuparam prédio da B3, a Bolsa de Valores de SP, em protesto contra o desemprego e a fome — Foto: Vivian Reis/G1](https://s2.glbimg.com/bBhghs6EQeGcFQaTztE2E9DYTcU=/0x0:1156x868/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/L/h/mSGerwQDe2QL7BvKD2Xg/72ab9469-6fd4-47ab-98db-f84a624e424d.jpeg)
Recordes em meio à crise
Em junho, a B3 bateu recordes e chegou a acumular oito altas consecutivas na maior série de ganhos desde 2018.
O otimismo se deveu ao avanço de 1,2% no PIB do 1º trimestre deste ano, quando os governos reduziram as restrições sobre o funcionamento das atividades econômicas. No período, o maior crescimento foi da agropecuária (5,7%), seguida pela indústria (0,7%) e serviços (0,4%).
Além disso, o sistema financeiro também foi beneficiado pelo aumento da taxa de poupança, que ocorreu pelo medo do consumo em meio à crise, o ritmo da vacinação contra a Covid-19 começava a aumentar, e a maior parte do investimento feito no país vem do exterior, onde os mercados apresentavam bom desempenho, principalmente em Wall Street.
O Ibovespa, principal índice da B3, no entanto, não reflete o cenário econômico do país, já que a bolsa tem nas grandes companhias o grande impulso para avançar em pontuação.
Paralelamente ao otimismo dos investidores, pouco mais de 10% da população estava vacinada com as duas doses àquela altura, os pedidos de falência cresceram mais de 50% em maio, e houve queda de 0,1% no consumo das famílias devido à redução do auxílio emergencial, do aumento da inflação e do desemprego em patamar recorde de quase 15 milhões de pessoas sem ocupação.
Por Vivian Reis, g1 SP
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