Cerca de 60 líderes se reúnem nesta segunda-feira na cúpula do clima na ONU sob pressão da juventude mundial que exige o fim da utilização de energias fósseis e a redução acelerada dos níveis de gases de efeito estufa.
“Estamos perdendo a corrida da emergência climática, mas ainda podemos vencê-la”, declarou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que também convidou para a tribuna a ativista sueca Greta Thunberg, símbolo da juventude global que exige ação urgente contra a mudança climática.
A cúpula deve revigorar as promessas do Acordo de Paris de 2015 e mostrar quem são os líderes que atuam no combate às mudanças climáticas, diz as Nações Unidas, que pediram “planos concretos e não apenas palavras”.
De acordo com um balanço feito pela ONU no início dos trabalhos, um total de 66 países prometeu às Nações Unidas alcançar a neutralidade do carbono até 2050.
Ao todo, 59 países anunciaram sua intenção de fortalecer suas metas nacionais para combater as mudanças climáticas até 2020, e outros nove iniciaram processos internos para tornar suas metas mais ambiciosas, disse a ONU, ao anunciar a criação de uma “Aliança de Ambição pelo Clima”, que abrange todos esses países.
Os países anunciaram seus objetivos nacionais no Acordo de Paris de 2015 e, agora, vão revisá-los para cima.
O objetivo coletivo é reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 45% até 2030 e, assim, preparar-se para alcançar a neutralidade de carbono em meados do século.
A Aliança foi anunciada pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, em preparação para a COP25 a ser realizada em Santiago, em dezembro.
“Acabar com o carvão é uma prioridade”, afirmou a ONU.
Um grupo que busca eliminar o uso de usinas a carvão agora se expandiu para cobrir 30 países, 22 estados, ou regiões, e 31 empresas que se comprometeram a não construir mais novas usinas até 2020 e fazer a transição para energias renováveis.
Laurence Tubiana, presidente da Fundação Europeia do Clima, disse à AFP que a cúpula representa “o momento da verdade”, mas enfatizou “a tensão entre os países que querem avançar para transformar seus objetivos em políticas verdadeiras e aqueles que não o qurem”.
– Reunião sobre a Amazônia –
AFP/Arquivos / Joao Laet(Arquivo) O Brasil, que possui 60% da maior floresta tropical do mundo, tenta convencer o mundo de que está com a situação sob controle, depois que o forte desmatamento e a propagação de incêndios florestais causaram uma crise internacional em agosto
Antes da cúpula começar, o presidente da França, Emmanuel Macron, a chanceler alemã Angela Merkel, o colombiano Ivan Duque e o chileno Sebastian Piñera se reuniram para discutir a situação na Amazônia.
O Brasil, que possui 60% da maior floresta tropical do mundo, tenta convencer o mundo de que está com a situação sob controle, depois que o forte desmatamento e a propagação de incêndios florestais causaram uma crise internacional em agosto.
“Há indícios de que o processo de ‘sabanização’ já começou” em mais da metade da Amazônia, disse à AFP Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em clima do mundo.
“Pode ser revertido? Acho que sim. Mas se o desmatamento continuar, se permanecer descontrolado, temos um enorme risco de perder a Amazônia. Será um suicídio”, disse ainda Nobre, entrevistado pela AFP na ONU.
Durante a cúpula, que não contará com a presença do presidente americano Donald Trump – que retirou seu país do Acordo de Paris -, nem dos governantes do Brasil, China ou Austrália, os líderes também se encontrarão com jovens líderes, incluindo Thunberg, criadora das estudantis Greves das Sextas-feiras, que se espalharam por todo o mundo.
O Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a ONG Conservação Internacional decidiram doar US$ 500 milhões adicionais para o reflorestamento da Amazônia e de outras florestas tropicais, anunciou a presidência francesa nesta segunda-feira.
Um primeiro anúncio formal deve ser feito durante a reunião sobre a Amazônia.
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