Internacional

Opositor Juan Guaidó inabilitado para exercer cargos públicos na Venezuela

Líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino de Venezuela por cerca de 50 países, fala em um ato público em Caracas, em 28 de março de 2019. Reprodução: AFP / Federico PARRA

O líder do Parlamento e autoproclamado presidente interino Juan Guaidó foi inabilitado para ocupar cargos públicos durante 15 anos, em um contexto cada vez mais crítico por um grande apagão e a disputa entre Washington e Moscou por suas relações com o país sul-americano.

A Controladoria Geral decidiu “desativar o exercício de qualquer cargo público do cidadão (Juan Guaidó) pelo prazo máximo estabelecido na lei”, declarou o controlador do governo, Elvis Amoroso, por meio da televisão estatal.

A lei venezuelana prevê uma pena máxima de 15 anos, lembrou o funcionário.

Em reação imediata, Guaidó declarou que desconhecerá a decisão da Controladoria Geral.

“Não é um controlador (…) nem há uma inabilitação (…) O Parlamento legítimo é o único que pode nomear um controlador”, declarou Guaidó, recordando que Elvis Amoroso foi nomeado pela Assembleia Constituinte no poder, ligada ao líder socialista Nicolás Maduro no poder.

A Contraloria alega que em suas declarações patrimoniais, Guaidó não justifica gastos feitos no país e no exterior, com recursos supostamente vindos do exterior.

“Ele fez mais de 91 viagens fora do território com um custo que ultrapassa 310 milhões de bolívares (cerca de US$ 94 mil), sem justificar a fonte de renda”, afirmou o controlador, acrescentando desde que assumiu o cargo de deputado, em 2016, Guaidó “ficou mais de 248 dias” no exterior.

A Controladoria Geral havia anunciado no dia 11 de fevereiro a abertura de uma investigação contra o opositor por receber financiamento internacional, o que caracterizaria um ato de corrupção.

– Mobilizações por apagão –

Na quarta-feira, Guaidó convocou protestos para o próximo sábado pelos grandes apagões que atingiram o país desde o dia 7 de março.

Em resposta, Maduro pediu “uma grande mobilização em todo o país” contra o que qualifica um “novo ataque criminoso ao sistema elétrico”. O presidente também pediu aos “coletivos” – grupos chavistas que a oposição denuncia como grupos armados – “tolerância zero com as guarimbas”, como chama os protestos violentos e bloqueios de rua.

O governo prorrogou até esta quinta-feira a suspensão das jornadas de trabalho e escolar, totalizando três dias de feriado desde o corte de energia que começou na segunda-feira à tarde.

A luz voltou para a “imensa maioria do povo venezuelano”, de 30 milhões de habitantes, segundo o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.

Maduro afirma que um franco-atirador provocou com “balas de alto calibre” uma explosão na usina hidrelétrica de Guri, que gera 80% da eletricidade do país. A explosão, disse ele, produziu um incêndio que prolongou o blecaute.

Com o passar dos dias, a crise foi agravada com a suspensão do bombeamento de água, a paralisia dos transportes, particularmente o metrô de Caracas, e cortes nas comunicações que afetaram o sistema bancário eletrônico, vitais devido à escassez de dinheiro gerada pela hiperinflação.

– “Não interferimos”, disse Moscou –

Um dia depois de o presidente Donald Trump afirmar que a Rússia deve sair da Venezuela, Moscou assegurou nesta quinta que suas tropas permanecerão no país sul-americano “o tempo que for necessário” e disse a Washington que não se “preocupe” com suas relações com Caracas.

“Não achamos que terceiros países devam se preocupar com as nossas relações bilaterais”, declarou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov. “Não estamos interferindo absolutamente”, acrescentou.

Dois aviões russos, um Antonov An-124 e um Ilyushin Il-62, chegaram na semana passada à Venezuela. Segundo a imprensa local, eles transportaram 99 soldados e 35 toneladas de materiais, sob o comando do chefe do Exército, general Vasili Tonkoshkurov.

Em meio à pressão internacional contra Maduro, Rússia e China, principais credores da dívida externa venezuelana (estimada em 150 bilhões de dólares), se tornaram os grandes aliados do presidente socialista.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, María Zajárova, afirmou que os 99 soldados são “especialistas” que chegaram ao país como parte de acordos de cooperação.

AFP

Jornal Imprensa Sindical

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