Brasil

Pazuello e Ernesto Araújo tornaram o país pária universal, diz Jereissati

O depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na CPI da Covid-19 está marcado para o dia 19 (Andressa Anholete/Bloomberg/Bloomberg)

As ações dos ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante a pandemia foram as principais responsáveis, além das do próprio presidente Jair Bolsonaro, pela situação que o Brasil vive hoje em relação ao enfrentamento do coronavírus, avalia o senador que integra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A percepção, diz ele, é quase consenso entre os titulares da comissão que investiga as ações e omissões do governo federal na condução da pandemia. Jereissati foi o convidado do último episódio do podcast EXAME Política, disponível todas as sextas-feiras (ouça abaixo na íntegra).

O depoimento de Pazuello, que teve a sua audiência, antes prevista para a última quarta, remarcada para o dia 19 sob a alegação de suspeita de covid-19, é um dos mais esperados na CPI, segundo o senador. “Acho que vai ser a base. Esta é talvez a mais importante das oitivas”, afirmou.

O parlamentar adiantou que após a audiência do ex-ministro, a comissão deve ouvir cientistas para determinar quais as consequências das ações ou omissões do antigo comandante da Saúde trouxeram para que o país chegasse a essa situação.

“Pazuello destruiu aquela estrutura da Saúde, tirou os técnicos dos seus lugares, colocou militares não afeitos à questão da saúde e foi seguindo a orientação do presidente”, disse.

O ex-ministro deixou o cargo e deu lugar ao atual ocupante da Pasta, Marcelo Queiroga, no dia 23 de março, depois de seguidos desgastes da gestão. Depois que assumiu, Queiroga anunciou acordos de compra de centenas de milhões de vacinas, cuja escassez foi um dos pontos que desgastaram Pazuello.

Jereissati aponta a troca na Saúde por um ministro que se mostra mais proativo em relação à vacinação e no Itamaraty, que tem agora como titular Carlos Alberto França, como efeitos da CPI, que na ocasião da demissão de Pazuello já era aventada entre parlamentares.

A mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, divulgada nesta sexta-feira, 7, mostrou que 41% da população ainda quer que a CPI aumente o ritmo de vacinação no país. Outros 32%, que ela aponte os culpados pela falta de vacina e equipamentos como oxigênio.

O senador afirmou que os depoimentos dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que ocorreram nesta semana na comissão foram “ricos em revelações” e manifestaram a dificuldade de atuação na Pasta da Saúde na gestão da pandemia quando havia discordância com a opinião de Bolsonaro.

“Ele impossibilitou que o ministro Mandetta no momento da pandemia exercesse suas funções como achava que deveria”, disse. “Depois veio Teich, ele também não deu autonomia e deu a direção errada, portanto o Ministério da Saúde ficou paralisado”, afirmou.

“Pazuello seguiu à risca aparentemente as instruções do presidente, o ministro do ele manda e eu obedeço. E deu no que deu”, disse.

Em seu depoimento na última quarta, Mandetta afirmou que o presidente tinha um assessoramento paralelo com pessoas que não integravam o ministério sobre questões sanitárias e de saúde relativas à pandemia. Além dos dois ex-ministros que já afirmaram não terem tido autonomia, o atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga também sugeriu aos senadores que a decisão final na Saúde é sempre de Bolsonaro, apesar de dizer ter autonomia na Pasta.

Isolamento internacional

Quanto a Ernesto Araújo, o senador avalia que os conflitos do ex-ministro com a China e o seu apoio à campanha do ex-presidente americano Donald Trump à reeleição, que gerou rusgas com a administração de Joe Biden, isolaram o Brasil e prejudicaram o país na pandemia. “Brigou com o resto do mundo e justamente com aqueles países dos quais o Brasil mais precisava durante a pandemia”, reitera Jereissati.

Na última quarta, a CPI aprovou a convocação de Araújo para depor aos senadores, além do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten e representantes de instituições e empresas fornecedoras de vacinas.

O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras. Clique aqui para seguir no Spotify, ou ouça em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.

 

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