Na live da Agência Sindical, quarta (13), o jornalista João Franzin falou com Artur Bueno de Camargo. Ele preside a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação – CNTA Afins. O setor emprega diretamente 1,6 milhão de trabalhadores. “Com os indiretos, que compõem a cadeia, há mais de três milhões”, ele diz.
A Confederação e entidades filiadas mobilizam esforços em duas frentes. Uma é a prevenção ao coronavírus e o combate à pandemia. Outra frente busca preservar empregos, direitos e a renda dos trabalhadores em empresas como Nestlé, JBS, Sadia, entre outras, assim como nas demais que integram o segmento.
Principais trechos:
Dimensão – Hoje temos 1,6 milhão de trabalhadores, diretos. Os indiretos são mais 1,6 milhão, porque entram os que fazem transporte e o abastecimento aos pontos de consumo.
Aglomeração – A produção do setor de frigoríficos põe muitas pessoas juntas. Nossa primeira reivindicação foi manter 50% dos trabalhadores no local. Além disso, turnos de revezamento.
Fizemos solicitação ao governo e pedimos prioridade ao setor, mas o único ministério que respondeu foi o da Saúde.
Contatamos as empresas, principalmente os grandes grupos, como Perdigão, Friboi, Ambev. Solicitamos abertura de negociação. A única que abriu negociação foi a BRF, que tem perto de 100 mil trabalhadores. Houve oito rodadas de negociação e fechamos acordo nacional, com autonomia pra cada Sindicato de base fazer acordo conforme as condições locais.
Garantimos ao trabalhador ficar em casa sem prejuízo de salário e benefícios. Formamos um comitê regional, com a participação dos Sindicatos, pra verificar se as empresas seguem o acordo. Negociamos agora com o grupo Três Corações, exportador de café, um acordo coletivo nacional.
Condições – Queremos que a empresa assuma o transporte; não dá pra deixar o trabalhador se expor no transporte público. Não adianta tomar precauções internas se na locomoção não houver proteção.
Grupos de risco – Conseguimos afastamento aos que têm mais de 60 anos, pessoas com doenças crônicas, assim como grávidas e lactantes. A BRF tem mais de 30% afastados. Garantimos as condições de trabalho, salário e benefícios. E de saúde: o trabalhador chega e passa por medição de temperatura.
Coordenação – Sempre defendi que na pandemia fosse formado um Comitê, com representação nacional, de estados e municípios, comandado por profissionais. Até porque o SUS é nacional.
Bolsonaro – Afronta o Supremo Tribunal Federal e também a sociedade. Inadmissível o presidente tomar iniciativa como as que vem tomando. Cadê o senso de humanidade? A ganância do capitalismo não se importa com a vida das pessoas.
MPs – O governo Temer fez a reforma trabalhista, os direitos foram tirados e surgiu o negociado sobre o legislado. O atual governo tira a representação dos Sindicatos e blinda o capital.
É com o que o relator da MP 936, o deputado Orlando Silva, terá que tratar. Precisamos resgatar a participação dos Sindicatos. A MP é perversa para os trabalhadores.
Futuro – Sou otimista. Precisamos superar a luta individual. A pandemia mostra que minha saúde depende do comportamento do próximo. Quando passar tudo isso, teremos pessoas solidárias, que pensam no coletivo.
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Agência Sindical
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