A Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios Contínua, do IBGE revela um dado preocupante: aumenta o número de brasileiros que passaram a ter o Salário Mínimo como remuneração. Hoje, 27,3 milhões de trabalhadores ganham até o Piso, que a partir deste mês vale R$ 1.045,00. Contingente equivale a cerca de um terço da força de trabalho do País.
Para Neuriberg Dias, analista político e assessor parlamentar do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), esse achatamento da massa salarial decorre da política de arrocho fiscal e das mudanças nas relações de trabalho. “Essa tendência de jogar a remuneração pra baixo fica bem evidente, principalmente a partir da reforma trabalhista. As novas formas de contratação, como intermitente, temporária etc., criaram um cenário muito ruim para o trabalhador”, diz.
O especialista lembra que, além da perda decorrente do corte de direitos – que em muitos casos constitui uma remuneração indireta – o trabalhador também perdeu pelo lado do ataque à sua organização sindical. “Foi um golpe na espinha dorsal, pois os Sindicatos sempre cumpriram um papel importante na proteção de direitos e benefícios”, observa.
Neuriberg Dias alerta ainda que, com a aprovação de mais reformas regressivas, a tendência é que todas as políticas de distribuição de renda sejam pressionadas pra baixo.
Precarização – Os dados mostram ainda que boa parte do aumento de trabalhadores ganhando apenas o Piso acompanhou a explosão da informalidade. Segundo o IBGE, 41,1% da força de trabalho está nessa condição.
Especialistas que acompanham o tema apontam que as reformas trabalhistas também estão diretamente relacionadas ao contexto de informalidade massiva. Por outro lado, o aumento da informalidade levou mais trabalhadores a ganhar menos.
De acordo com o Dieese, o salário mínimo necessário a uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 4.342,57 em dezembro de 2019.
Agência Sindical
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