Comitê científico da Prefeitura vai se reunir só na próxima segunda, mas um dos membros já avalia que lockdown pode ser necessário. ‘Momento de ampliar restrições’, diz infectologista Alberto Chebabo.
As UTIs dos hospitais públicos do Rio têm 622 pacientes internados nesta quinta-feira (18). É o maior número desde o início da pandemia, mesmo se considerado o momento em que havia hospitais de campanha.
A ocupação de leitos de UTI na rede SUS na capital — incluindo leitos municipais, estaduais e federais — é de 95%.
A Prefeitura do Rio considera que os próximos dias vão dar o tom das novas medidas e anunciou uma reunião com o comitê científico na segunda-feira (22). O lockdown é uma possibilidade.
“A gente vai discutir a possibilidade, sim, de fechamento completo das coisas. Mas, provavelmente, as próximas medidas que vão ser tomadas, depende do comitê científico, vão valer para todos os setores e atividades econômicas. Obviamente, menos pros essenciais”, afirmou o prefeito Eduardo Paes (DEM).
Pacientes na fila
Na capital e na Baixada, há 187 pessoas na fila por um leito. Em todo o estado, são 306 pessoas — sendo 256 à espera de uma vaga na UTI.
Nem quando a cidade tinha hospitais de campanha, tantos pacientes estavam internados em leitos de terapia intensiva.
‘Terceira onda’, diz infectologista
Desde o começo da pandemia, 34.586 pessoas morreram de Covid no estado. A média móvel é de 99 mortes por dia na última semana, o que indica estabilidade.
O mapa de alerta da Fiocruz mostra o Rio em vermelho, por conta da alta lotação das UTIs. O infectologista Alberto Chebabo afirma que o Rio pode estar vivendo uma terceira onda.
“A gente está entrando num novo aumento de casos. A gente teve o primeiro pico acontecendo em 2020, em abril-maio; um segundo aumento importante em novembro-dezembro; e, agora, a partir de março, a gente vê de novo um aumento. É possível que a gente esteja entrando, sim, numa terceira onda dessa epidemia aqui no Rio de Janeiro, diferente de outras cidades”, afirma o infectologista Alberto Chebabo.
Ele, que é integrante do comitê científico da Prefeitura, acredita que é o momento do poder público tomar medidas mais rígidas.
“A gente já está num momento de ampliar as restrições e essa subida, se mantiver na velocidade que ela tem se apresentado, inclusive, pensar em estruturar uma restrição muito maior com lockdown mesmo na cidade”.
Antecipação de feriados de abril
Em uma rede social, Paes anunciou que vai antecipar alguns feriados do mês de abril. Ele afirmou que medidas mais duras trazem uma série de sacrifícios, principalmente para os mais pobres.
“Faço aqui o meu apelo ao presidente Bolsonaro, ao Congresso Nacional, que não é possível imaginar que um país como o Brasil em que 90% do país está vivendo uma situação de lockdown, de bloqueio, de economia parada, que não haja estímulos. Que não haja medidas efetivas de transferência de renda, objetivas nesse momento, e que não haja nenhum tipo de auxílio”.
O prefeito defendeu a ajuda e empresários, comerciantes e também aos mais pobres.
“Essas são medidas tomadas no mundo inteiro. Não é possível que não se tenha a sensibilidade para entender que muitas pessoas estão passando necessidade e fome”.
Por Edivaldo Dondossola, RJ1
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