O sindicalismo reagiu com indignação à fala de Jair Bolsonaro, que sinaliza com novas mudanças nas leis trabalhistas para “que se aproximem da informalidade”. Insatisfeito com o desmonte de Temer nos direitos, ele indica que pretende fazer mais flexibilizações.
A última declaração nesse sentido ocorreu semana passada, em reunião com a bancada do DEM. Se concretizar o que tem dito, o futuro governo ampliará a precarização.
Força – Em contato com a Agência Sindical, o presidente da Força Sindical Miguel Torres classificou a intenção de “desumanidade”. O dirigente alerta que, ao criticar o Artigo VII da Constituição, Bolsonaro sinaliza que, a fim de defender o capital (ele reafirmou: “ser patrão no Brasil é um tormento”), pode querer mudar a Carta Magna.
Miguel lembra que, embora o Plano de Governo do candidato reservasse apenas 113 palavras ao mundo do trabalho, o presidente eleito dizia que os direitos assegurados na Constituição não seriam mexidos. “Agora, mostra intenção de alterar o Artigo VII, abrindo caminho pra mexer também no Artigo VIII, provocando o desmonte da estrutura sindical”.
“Muitos trabalhadores votaram no Bolsonaro, apesar de nosso alerta de que seria temerário. Agora, vamos voltar às portas de fábricas e relembrar as recomendações que havíamos feito. E chamar o pessoal para a necessidade de resistir”, afirma.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, reforça a ideia e adverte que não será tão simples tirar os direitos dos trabalhadores como o futuro governo imagina. “Vai ter resistência”, diz. “Estaremos nas escolas, chão de fábrica, ocupações, bairros e ruas de todo o País dialogando com os trabalhadores e organizando a resistência”, completa.
Justiça – Bolsonaro também atacou o Ministério Público do Trabalho e, em tom de ameaça, disse que “se tiver clima a gente resolve esse problema”. Ele se referiu ao MPT quando defendeu a Havan, empresa autuada por coagir funcionários a votar nele.
O presidente do MPT, Ronaldo Fleury, também reagiu. Em entrevista à Folha, disse que a não atuação do Ministério Público permitiria, por exemplo, o trabalho escravo. “Quando a gente busca com que uma empresa siga a lei trabalhista, a gente garante a elas uma igualdade de tratamento, evitando, por exemplo, que uma empresa consiga reduzir muito seu custo de produção em detrimento de outras”, acrescentou.
Mais informações: www.fsindical.com.br e www.cut.org.br
Agência Sindical
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