//O Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico (Sindiquímica) está muito apreensivo com a possível venda da Braskem para uma empresa estrangeira, como foi divulgado recentemente.
Os reflexos negativos do negócio para os trabalhadores e os brasileiros vêm sendo denunciados pelo sindicato. Inclusive porque desde o processo de instalação da indústria petroquímica brasileira, na década de 1970, a posição do movimento sindical tem sido contrária à privatização do segmento.
Quando surgiu o Polo Petroquímico de Camaçari, as empresas tiveram de enfrentar o assédio das multinacionais, rompendo paradigmas quando implementaram um sistema tripartite de gestão composto pela Petroquisa, pelo capital nacional e pelo capital estrangeiro, que garantiu a administração e o comando da petroquímica nas mãos dos brasileiros.
Quase seis décadas se passaram para o desenvolvimento do segmento no Brasil e, apesar de sua consolidação, os modelos de gestão da petroquímica, na opinião do sindicato, continuam inadequados e falhos porque desde sua implementação não houve preocupação por criar uma política governamental de desenvolvimento industrial.
“O processo de reestruturação e privatização do setor na década de 1990, por exemplo, provocou desemprego e prejuízos para o povo brasileiro”, explica o diretor da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT) e do Sindiquímica, Carlos Itaparica. Segundo Itaparica, apenas entre os anos 2003 e 2016, o governo federal adotou algumas medidas que provocaram o desenvolvimento industrial no setor e as players nacionais tiveram condições de enfrentar o capital internacional, fortalecendo o grupo Odebrecht que adquiriu a antiga Copene, hoje Braskem.
Nesse período, mais uma vez, o Sindiquímica se posicionou contra o monopólio da petroquímica e defendeu que o setor deveria estar sob o comando estatal, como braço da Petrobrás. De qualquer forma, garantiu que o controle da petroquímica continuasse nacional. “Se você prestar atenção ao seu redor, vai perceber a importância da petroquímica no dia a dia de todos.
Muitos produtos presentes em nossa vida moderna vêm da indústria petroquímica: televisão, celular, peças de automóveis, roupas, cosméticos, fraldas, detergentes, produtos farmacêuticos, além das embalagens plásticas etc. A petroquímica agrega muito mais valor à cadeia de petróleo”, diz Itaparica.
Por isso, o sindicato chama a atenção da população em relação às mercadorias produzidas apenas por empresas multinacionais, que podem estar instaladas em qualquer parte do mundo e que poderão inundar o mercado nacional com produtos importados e acabando com o emprego dos brasileiros.
“Isso não é difícil de imaginar, pois já vem acontecendo em outros segmentos produtivos e poderá acontecer com a petroquímica se a Braskem for vendida”, alerta ele. O dirigente sindical condena a política entreguista do governo Michel Temer que está vendendo as reservas de petróleo, ameaça entregar o Aquífero de Guarani – um dos maiores reservatórios de água do mundo – a Eletrobrás, além das riquezas minerais, ao capital internacional. Agora, ameaça também entregar a petroquímica brasileira.
“Não vamos ficar calados enquanto existir ameaça de entregar o setor às empresas estrangeiras. Vamos continuar lutando em defesa de uma petroquímica ligada à Petrobrás, comprometida com os interesses nacionais e com o fortalecimento do setor plástico para que mais empregos e riqueza sejam gerados para os brasileiros”, finaliza Itaparica.
Petroquímicos baianos antecipam início da campana salarial
//Funcionários das empresas petroquímicas do Polo de Camaçari, localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e dos terminais químicos do Tequimar e Vopak, no Porto de Aratu, em Candeias, a 49 km de Salvador, anteciparam para agosto a campanha salarial.
No caso dos petroquímicos a reunião de Modus Vivendi aconteceu no dia 26 de julho na sede da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), em Salvador. A data base dessas categorias é setembro. O Sindiquímica iniciou as assembleias, no dia 31 de julho, quando foram apreciados e votados os textos da pauta que serão encaminhados às direções do Sinpeq (sindicato patronal), Tequimar e Vopak.
Este ano a proposta é barrar qualquer tentativa de retirada de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho devido à implementação da legislação trabalhista. Ano passado, os trabalhadores se posicionaram firmes e não permitiram a ofensiva patronal e conseguiram renovar a Convenção Coletiva de Trabalho sem alterações.
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