Presidente afirmou ter posição contrária ao uso de recursos públicos em campanhas. Valor foi sugerido pelo governo e aprovado pelo Congresso.
O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (19) que, caso encontre uma “brecha”, a “tendência” é vetar no Orçamento de 2020 a previsão de R$ 2 bilhões para financiar campanhas eleitorais.
O fundo eleitoral, bancado por dinheiro público, foi criado por lei em 2017, após a proibição de doações de empresas para campanhas políticas.
O Congresso aprovou na terça (17) o Orçamento com os R$ 2 bilhões propostos pelo próprio governo para o fundo. O relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE), chegou a defender um valor de R$ 3,8 bilhões, mas optou por manter o valor sugerido pelo governo.
Para justificar o eventual veto, Bolsonaro disse que a legislação o obrigava a enviar uma proposta. O presidente ressaltou que discorda do uso de recursos públicos para financiar campanhas.
“Aquela proposta que foi R$ 2 bilhões é em função de uma lei que tinha, não é que quero isso. Em havendo brecha para vetar, eu vou fazer isso. Porque eu não vejo, com todo respeito, como justos recursos para fazer campanha […] A tendência é vetar, sim”, disse o presidente a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada.
Na análise de Bolsonaro, o fundo eleitoral “dificilmente vai para um jovem candidato” e, com isso, ajuda a “manter no poder quem já está”.
Para o presidente, os R$ 2 bilhões teriam um destino mais adequado, por exemplo, em obras de infraestrutura.
“A peça orçamentária chegando, eu tenho poder de veto. Não quero afrontar o parlamento, mas pelo amor de Deus, dá 2 bilhões para o Tarcísio [Freitas, ministro da Infraestrutura], e vê o que ele faz no Brasil”, afirmou.
Investigações
Bolsonaro foi questionado sobre a operação realizada na quarta-feira (18), no Rio de Janeiro, que teve entre os alvos ex-assessores de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), entre eles Fabrício Queiroz.
Também são investigados no caso parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente, que foram empregados no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio.
As medidas fizeram parte da investigação da suspeita de que havia a “rachadinha” — um esquema de repartição de salários — no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A defesa de Flavio nega a prática de “rachadinha”.
Após insistência dos repórteres, Bolsonaro afirmou que o país “é muito maior do que pequenos problemas” e que fala somente pelos seus “problemas”.
“Pessoal da imprensa, o Brasil é muito maior do que pequenos problemas. Eu falo por mim, problemas meus podem perguntar que eu respondo, os outros, não tenho nada a ver com isso”, disse.
“A imprensa, tenho maior prazer de conversar com vocês, quando descamba para o lado pessoal dos outros, não vou responder. Não dou palpite em decisões de outros poderes, vocês sabem disso”, acrescentou.
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Guilherme Mazui, G1
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