Pesquisa foi respondida por 2.138 especialistas que atuam no combate à doença no país. Norte e Nordeste, além de ter menos acesso à testagem, também foram regiões que receberam menos Equipamentos Proteção Individual (EPIs).
Um a cada três profissionais da saúde no Brasil (35,2%) diz ter acesso a testes para diagnosticar a Covid-19, de acordo com pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada nesta quinta-feira (30).
Os dados foram coletados por questionário online, respondido voluntariamente pelos profissionais. A maioria da amostra é composta por mulheres (77%), sendo que 37,5% dizem ser negras. Foram contabilizados 2.138 participantes, com respostas entre os dias 15 de junho e 1º de julho de 2020. (Leia mais sobre o perfil da amostra no final da reportagem)
Os profissionais de saúde do Norte e Nordeste tiveram menos acesso aos testes do novo coronavírus, em comparação com outras regiões: 39% e 31%, respectivamente, contra 54%, 32,3% e 41,8% nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
O mesmo ocorre com o acesso aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como as máscaras, fornecidos para o uso dentro do hospital ou local de trabalho: 1.066 profissionais de saúde dizem ter recebido, mas o índice é mais baixo no Norte (38,2%) e Nordeste (34,6%). Veja o índice nas outras regiões:
Mesmo entre os médicos, enfermeiros e outros profissionais que receberam os EPIs, 23,8% disseram que a qualidade era baixa ou péssima. Outros 22,8% consideraram excelente, e 53,6% acharam um bom material de proteção.
“Um dos elementos que os dados nos sugerem é que a pandemia exacerba desigualdades regionais históricas no Brasil. Embora a situação não seja favorável em nenhuma região, as regiões Norte e Nordeste aparecem ainda como aquelas que sofrem piores situações na pandemia e as que fornecem as piores condições para os trabalhadores da linha de frente da saúde”, disse o texto do relatório.
Outros pontos importantes do estudo
- 1 a cada três profissionais da saúde dizem ter recebido treinamento para atuar na linha de frente da Covid – no Norte e no Nordeste os índices também são menores, de 26% e 18,4%, respectivamente;
- 78,2% dizem que a saúde mental piorou devido à pandemia, com um impacto maior dos profissionais da enfermagem;
- Em paralelo, apenas 19,6% dizem que têm apoio para cuidar da saúde mental.
Perfil dos dados coletados
Entre as mais de 2 mil respostas recebidas, a maioria é de profissionais localizados no Sudeste (39,2%) e no Nordeste (35,8%). Depois, Sul (10%), Centro-Oeste (9,3%) e Norte (5,8%).
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Profissionais da atenção básica correspondem a 60% da amostra, sendo que 77,3% são mulheres, 20% homens e 2,7% preferiram não mencionar o gênero. Mais de 65% dos participantes têm mais de 10 anos de carreira.
G1
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