Brasil

Uma “cortina de abraços” em lar de idosos de São Paulo

Ana e Suzane Lisboa abraçam seu pai, Raúl Lisboa, de 89 anos, através de cortina de plástico em asilo de São Paulo, em 13 de junho de 2020. Foto: AFP / NELSON ALMEIDA

Uma “cortina de abraços” foi instalada em um lar de idosos na cidade de São Paulo para permitir que os residentes abraçassem seus entes queridos por meio de proteção plástica, apesar da pandemia de COVID-19.

“Me senti muito bem, sentia tanto a falta dela!”, disse à AFP Silvio Nagata, de 68 anos, depois de um longo abraço na irmã mais velha, Luiza Yassuko, 76 anos, moradora da casa de repouso 3I Bem estar, localizada no bairro do Morumbi, que participa do projeto “Cortina do Abraço”.

“Devido à pandemia eu não podia visitá-la, né. E como também estou no grupo de risco não podia vir. Com esse sistema aqui foi ótimo poder abraça-la hoje, né, foi muito bom. Uma excelente oportunidade para aliviar essa saudade”, afirmou, emocionado, este funcionário público aposentado.

“Lá em casa éramos 12 irmãos, quatro mulheres e oito homens, e a Luiza era a mais velha. Ela praticamente foi como uma segunda mãe, né, porque era a mais velha. Ela não casou. Dedicou a vida pra cuidar da família”, contou.

As enfermeiras desinfetam cuidadosamente a grande cortina de plástico, equipada com grandes bolsos para que os visitantes e residentes possam deslizar seus braços a cada visita. A logística e o material fornecido, bem como as terapeutas voluntárias, são do projeto “Cortina do Abraço”.

Residentes e visitantes também devem usar luvas protetoras com mangas longas que chegam até os ombros.

Elisabete Nagata abraça sua cunhada Luiza Nagata, de 76 anos, através de cortina de plástico em asilo. Foto: AFP / NELSON ALMEIDA

 

“Como a gente percebe agora que a pandemia vai durar um tempo muito maior que a gente esperava, precisa encontrar formas seguras para fazer com que a família veja o idoso que está aqui dentro, e que o idoso receba essa família e entenda que essa família ainda está preocupada e dedicada”, explicou Mayara Martins, terapeuta ocupacional na casa de repouso.

Para os visitantes, a sensação de tomar um ente querido em seus braços é emocionante neste momento, quando o distanciamento social supõe evitar qualquer contacto físico.

“Acho que é bom para eles e bom pra gente também, porque a gente também não tá abraçando ninguém, né. Então foi bom abraçar alguém”, disse Murilo Meira, de 51 anos, que veio visitar Nair da Costa Marques, de 90, a quem uma enfermeira ajudou a levantar de sua cadeira para receber o tão esperado abraço.

O estado de São Paulo é o mais rico e populoso do Brasil, com 46 milhões de habitantes, mas também o mais afetado pelo coronavírus, com 172.875 casos confirmados e 10.581 mortes, segundo o último relatório oficial.

O Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes (42.720) e pessoas infectadas (850.514), depois dos Estados Unidos.

AFP

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