‘Desconfio que houve uma sabotagem, exatamente para manchar a gestão eficiente que está sendo feita na Cedae, preparando ela para o leilão’, disse, sem apresentar provas. A Polícia Civil investiga o caso.
O governador Wilson Witzel disse nesta segunda-feira (20) acreditar que a crise da água distribuída pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio, a Cedae, foi uma “sabotagem”. Segundo ele, a intenção seria “manchar” a imagem da companhia para o leilão de concessão (entenda abaixo).
“Eu desconfio que houve uma sabotagem, exatamente para manchar a gestão eficiente que está sendo feita na Cedae preparando ela para o leilão”, disse o governador.
Desde a semana passada, a Polícia Civil investiga o caso.
Witzel não deu detalhes de como teria ocorrido esta suposta sabotagem no processo de tratamento da água. Desde o início do ano, consumidores da capital e de outros seis municípios do Grande Rio têm se queixado do cheiro, do gosto e da coloração barrenta da água. A Cedae diz que não há risco à saúde.
“Houve, de fato, uma imperícia. Agora vamos apurar se foi dolosa ou culposa. Se quem deveria tomar conta para evitar que o que está acontecendo agora, no verão e nas férias, acontecesse foi simplesmente um fato culposo. Ou seja, incompetência. Eu, particularmente, não acredito. Eu acredito que o que está sendo apurado é uma sabotagem por conta do leilão. Há muitos interesses envolvidos”, disse Witzel, durante a inauguração do programa Segurança Presente.
Privatização da Cedae
A privatização da Cedae foi uma das exigências para que o Rio de Janeiro, em uma das mais graves crises financeiras de sua história, aderisse ao Regime de Recuperação Fiscal proposto pelo governo federal em 2017.
Desde aquele ano, ficou sob responsabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fazer a modelagem para a venda da companhia. O BNDES concluiu em dezembro a estudo.
No modelo proposto, a Cedae continuaria com uma fatia estatal, responsável pela produção e tratamento da água. A distribuição de água seria dividida em quatro zoneamentos de áreas distintos, sendo cada um concedido a uma empresa ou consórcio diferente.
O Governo do Estado tem que concluir a venda da Cedae ainda no primeiro semestre deste ano. Do contrário, a companhia passará automaticamente para as mãos da União, segundo o acordo.
Crise da água
Desde o início do ano, a água distribuída pela Cedae tem chegado aos consumidores com coloração turva, mau cheiro e gosto de terra.
A Cedae alegou que a alteração na água foi provocada pela proliferação de uma enzima chamada geosmina, que é produzida por algas. A companhia afirmou que a substância não colocaria em risco a saúde da população. Muitos moradores dizem que passaram mal, mas não houve confirmação da relação com a água.
O caso mobilizou o Ministério Público e a Polícia Civil, que decidiram fiscalizar a estação de tratamento do Guandu, de onde parte a água fornecida pela Cedae. Funcionários da companhia já prestaram depoimento (veja na reportagem abaixo).
A investigação está a cargo da Delegacia de Defesa Serviços Delegados, cujo delegado titular, Júlio Filho, confirmou que a apuração tenta identificar se houve indícios de sabotagem.
Carvão ativado
Para solucionar as alterações na água, a Cedae informou que vai usar carvão ativado na água. Os equipamentos que faltavam já chegaram à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A Cedae já está montando o sistema, mas ainda não disse exatamente quando vai começar a funcionar.
Carlos Brito, G1 Rio
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